interno e final
minha letra é sutura
perfura a carne e cura
parece cerzir
remendos
de certo nos iguala na dor
não sou eu a divergência em ti
não sou eu tua ferida, tua dor
mas sou eu a oscilante
ferida em mim
minha letra é rasura
risco no papel
ranhura
um traço agudo no M
o oculto encapsulado no O
o corte dilacerante do R
uma cruz de sacrifício no T
a anarquia rebelde da letra A
mas tem algo pelo qual grita minha letra
a coisa oca e louca de prosseguir...
VIVA!
e viver é sentir
dor e alívio
o gozo perfeito
a cabeça zonza
enquanto se salta ao outro ponto
do tecido exposto papiro
viver é ir-se
é tear
com as cordas disponíveis
te puxa e espreme
te afrouxa
te trava
te afaga
aquece o corpo
depois vaza no puir do uso
e das águas que te lavam
das impurezas do ser
até que te tornes pó da pele da Terra
crosta
rosa a.
Comentários
Postar um comentário