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Mostrando postagens de setembro, 2017

suicídio

não há solução - não há. talvez soluços no fim do dia e uma corda pendurada no teto, um convite um liame que te mire nos olhos e lhe afague os cabelos. uma luta, um limite. solução? nada que te faça alimentar a vida, nada que te faça afagar a lida... não - nunca há o tempo certo - o termo. não há nada que te dispa,  que te culpe, que te dissipe, que te massacre. solidão - há se não se vê solução. não é corte, asfixia, não é chama, não se chama despedida ...talvez mirar-se além do que se vê. de opções imediatas - espelhos e espelhos estão em todos os lugares, em todas as pessoas e eles não mostram essências! nem as cores da alma. rosangela ataíde

as rosas sabem

LaFarge só as rosas sabem eu não sei do vento fluindo das teias que as aranhas urdem só as rosas cabem eu não caibo num talo de espinhos numa primaveril miragem só as rosas que se gabem eu não me gabo dos poemas noturnos e das pétalas que partem eu só sei de rios e de mares rosa a.

Deus vai na frente, pedalando

Deus chegou em sua bicicleta. Cheio de forma, não me parecia cansado. Eu que me sentia solitária com todo aquele papo de fim do mundo, estava deprimida, triste, mas fula com Deus! Ele tinha que aniquilar o mundo exatamente durante minha existência, encarnação, geração... sei lá! Eu tinha que participar disto! Eu não podia passar sem mais essa! Todos haviam ido para algum lugar, os celulares não funcionavam e os terremotos eram cada dia mais frequentes... Eu temia morrer sozinha, mas Deus não vacilou nem mesmo na minha partida. Enquanto ficava desviando meu pensamento de imaginar como seria morrer entre os escombros de minha casa, agonizando até o fim, reclamando à Deus por sua falta, cheia de auto piedade, Ele apareceu!  Cheio de graça, apressado e me apressando.  Eu falei;  — Espera Deus! Esqueceu que tenho filhos, marido e cachorros? Ele me garantiu que os levaria, um por um e que logo estaríamos juntos, mas que não caberíamos todos na bicicleta e que aquele era o m

assim

escorria da retina um alarido que nunca coube. soluços ou brado de voz? silêncio no peito ocultada a dor - alma calada - que ao verbo nada goza. [lacerada] e como grito misericordioso a morte lhe coube remendo não compreendo este parir de lágrimas [lamento] mas cada dia que passa, aprendo liberar perdão e respeito. rosangela ataíde

ventar

há em mim um vendaval que soa suave, mas se alonga às noites de relento. umedece as linhas das têmporas desta face alarde... gélida, por este impetuoso orvalho [vento] impávido estrondo aqui dentro, ávido por mais daquele saudoso tempo. para a alma... silêncio! um desejar que a brisa torne-se acalento. rosangela a.

das imperfeições

posso me permitir ser im-per-feita com este olho c    a       í          d             o estas ventas  [ abertas ] este lábio f i no a pele é macia quase um veludo tirando as mãos frias e as cicatrizes resguardadas esta sim poderia ser perfeita falta uma sentença  que a valorize  e enxergue a alma por trás do abismo ou algo explicito que a condene pra'lém daqui rosangela a.

cativa

desenho  delicadas asas de pássaros em canson a2, 300gramas, por um gragite hb6 fotografo tênues hálibis quando noto pássaros suspensos nos fios mas não capto o timbre que eles ressoam nem por uma nota nem por vacilo um lamento de poeta asas para os livres não serve às almas  libertinas

serei

partirei nesta praia. e sorte... me desintegrarei nesta areia num dia de sol sem brise-soleil numa manhã cedinho... com os barcos pousando no canal. ficarei lá. até que uma onda me arraste, quem sabe uma rede e eu enfim, tornar-me-ei sereia rosangela a.

remendo

viés de costureira agulha, linha tesoura ...e um coração todo remendado rosangela a.

ave de rapina

noto aqui sonoro o eco do canto aspiro a partida de asa caída  por quebranto e me debilito  não alço o voo das grades nem me alongo não tenho espaço só o pranto o oco a gaiola este amor  sufocando cada dia mais  finito rosangela ataíde

um sonho

agradeci a Deus ao sonho. em que vinhas e vivia no meu abraço não me disse a hora de ir, e foi-se triste pedi a Deus o abraço que faltou, o sussurro que não entendi e me disse ao ouvido. ...ainda não entendo talvez descreio. mas sei... vives além do que posso ver "tão vivo"  que o viço, o calor pude haver. as palavras? as guardarei com o amor. este perene sentir terno que tenho por você por que te amo [insistente] este amor que a morte não pode vencer. rosangela ataíde

minha voz

aqui dentro  um vaga-lume  perde-se no lume que iradia um  querer que   tarda em apagar e se demora nas horas que permeia um espaço  que permita  partir irradia esta vontade e teima ao gume  um corte vertente  na  garganta que ressoa em alto volume rosangela ataíde

sobre muros, portas e chaves

todas as portas são inúteis os muros dramáticos habitam vidas vazias os cadeados, para que servem os cadeados? os crimes comentem os livres, a felicidade é dos disponíveis. para que tais batalhas? se dentro a gente tem asa se dentro a gente até voa (pisa nas estrelas) ...se dentro a gente é verdade... este muro, este muro! não existe. este muro é uma mentira. rosangela a.

menina do mar

eu sou a menina do mar - J. Pedro Martins uma janela se lançava ao mar naquela tarde sem mergulho pois chovia. pedras tilintavam na vidraça escorregadia, um céu cinza que ao sol cobria. a areia servia de colchão às conchas, os pés, delirantes nadadeiras, galgavam o piso frio. de lá pra cá, de cá pra lá... na insensatez de sereia que no silêncio da chuva, queria como canto uma simples poesia rosangela a.

rain city

a cidade chora... é um choro intenso verdadeiro. chora até encher os bueiros, chora à desgosto, chora em contra-tempo. quer germinar as sementes que insistem em brotar nas calçadas rompendo o concreto. quer que tudo vire mato, barro, lama, bicho. a cidade está cansada... quer cometer um assassinato urbano, um êxodo em massa e urgente. rosangela ataíde

do lado de dentro

acaso o medo quando enraizado na gente, faz moradia. espanta o livre arbítrio, faz da gente melancolia. e tudo se arrasta pela casa como fosse uma defesa; a meia, a cera, a boia na mesa... há de ter muita coragem aquele que abriga o medo e dele se escraviza rosangela ataíde

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