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Mostrando postagens de setembro, 2019

lá fora chove/aqui dentro garoa

talvez seja ave, talvez seja esfera, talvez seja repouso, o pouso, a espera. talvez ainda, o oco, a semente que brota sonhando o regresso, o retorno a Mãe Terra. talvez nem seja nada já pensou se nada fosse? já pensou se fosse algo resplandecente no peito ardente, chama obturante? talvez possa ser leve pluma, pena. neve? talvez, apenas talvez seja grande e talvez, só por acaso, quem sabe? possa ser eterno! e possa fincar sua bandeira ...e ser fértil. talvez eu queira demais. talvez você nada queira. rosangela a. *desconheço o autor da ilustração, ao descobrir posto o nome.

1990

1990 estivemos atentos ao destino - vão - passado em branco num recente tempo irmão. remoemos os desacertos de nossas escolhas... desencontros alienados uns dos outros removemos nossas esperanças para renovar a fé e seguirmos adiante sem alianças, sem destempero, as pernas bambas diante do medo. escorregadios seguimos viagens, delírios, insanidades, uma fúria incontrolável, a raiva sufocando o peito. mas o olhar ainda paira nas prateleiras de nossas memórias. estamos escassos, memoráveis miseráveis, sem saber... ocorreu-me lembrar ...ainda vagamos dispersos sem horizonte, pois o que mirávamos ficou para trás. mas alimentamos a fantasia do que podia ter sido. eu olho para trás agora, mas já não sinto nada. rosangela a.

o menino blue

o menino silencioso despido de emoções esbraveja ao vento amarguras e alguma fúria momentânea. às vezes o menino ri, brinca, taca pedras no telhado, e desafia a cadela improvável que o assiste. não sabe ser leve, mas equilibra o peso sobre mim. não sabe amor de palavrear, nem ao menos de sentir. ao certo não se sabe amado nem por um gotejar de palavras jogadas contra o ventilador. não olha o céu, não vê constelações. as minhas pétalas estão sobre a cama, no teto vejo tantas outras que se debruça/ram? ao peito do menino. todas esperando o mínimo, mas o menino nunca vê. além de sua mudez ele cerrou os olhos e fechou seu coração. o menino vestiu-se de azul e se trancou. rosangela a. Gabriel Pacheco artwork

remendos

um dia eu me remonto. volto a ser essência, deixo a carne, a ossatura as ancas andarilhas. um dia verei o horizonte atenta. alcançarei o barco que navega para longe - nem sei o destino. um dia eu me aprumo neste espaço que me contorna a alma degenerada sem regras e cheia de mentiras. um dia eu canso de ser teimosia de ser intensa no sentir de querer o céu me afogando enquanto respiro... um dia eu parto. mas antes deixa eu ser amor? companheira nata, um pouco de Paz? mesmo que na maioria das vezes eu grite, rasgue o verbo, o peito, atormente ...mesmo que na maioria das vezes eu seja apenas humana. rosangela a.

Me morda

 me morde a nuca puxando meus cabelos - o gozo que eternizo - o nirvana de amar. me silencia a voz me acalma  no gemer da cama bamba  que escandaliza mais que nós parece briga nosso amor - vale tudo meus batimentos aceleram pois umedeço cada parte de nós suor, orgasmos salivas. amar é quase ebulição de corpos um fundir-se de cada molécula espasmos. "amar" é o seu suor  percorrendo nossos corpos até os meus cabelos que acabei de escovar. são as marcas que registramos um no outro como uma canção antiga que relembramos e está gravada na linha do tempo imaginário e sobre amar ainda...  é quando a sintonia chega aos pés entrelaçados descalços e descansados com as cabeças uma sobre a outra num cochilo da tarde. e confiar que estamos presentes  um pro outro. e por tanto esmero... eu amo você! rosangela ataide Ilustração: Patrice Murciano

NO TE CALLES MUJER

Ouço as  vozes cortante dos que vagueiam minha inocência na vastidão da liberdade que corrompe os homens nus e dispersos. Ontem eu falei de saudade,  de medo, de indigência... abri meu peito aos tolos improváveis que laceram minha alma sem nenhum sentimento. Hoje trago incertezas, o seio a mostra, um punhado de coragem na mão esquerda que escorre como em uma ampulheta do destino que espreito sem saber ao certo se devo. Minhas mãos vageiam os cabelos negros e emaranhados, como açoite por não saber o caminho torto que o amor percorre ao coração aflito e dorido de quem não sabe o valor de amar.  Ontem, quando eu sorri, trazia comigo a esperança, uma ternura irresistível e uma promessa de seguir. Hoje eu acordei. E canto um lamento triste, de quem vê as malas arrumadas na porta ...Ainda hoje hei de chorar. Rosangela ataide

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