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Mostrando postagens de agosto, 2020

hominum

Não se pode invadir uma casa com as portas trancadas, esmurrar a porta não vai fazer que algo aconteça. Se tuas mãos estão vazias e você só paira no campo dos pensamentos dispersos tentando encontrar uma forma de antecipar o final da batalha... Lamento! Você vai perder a nave, o tempo, a chance.  Existem barreiras intransponíveis  de gente que cansou de se ferir na guerra e só permite o que for tangível, palpável. Enquanto se brinca de perfeição, existem os exaustos. Aqueles que já se sabem imperfeitos e que não aceitam nada que seja disfarce.  Existe uma coisa que chamamos de sinceridade. Ela as vezes fere a carne, dilacera corações, mas que é melhor servida em cálice de cristal da mais pura verdade. É sensível ao toque, aos lábios e pode não perdoar o líquido inflamável. Ainda assim, se bem servida, traz uma lógica de caráter e a sensação de alma lavada. Uma boa intenção vale muito, exista ou não um propósito. Afinal não sabemos para que viemos, porém a jornada pode ser suave em seus

motin

me falta o que falar me falta o ar pelas narinas me falta no peito o sossego me restam estas arestas a podar por que vivo frenética, sem freio me falta o tempo que vejo esvair me falta a ordem posta em motim me restam as pilhas de livros que li brinquedos espalhados pelo guri me falta o que escrever e as palavras sobram longas sobre mim rosangela a.

poesia mínima

com o olhar languido que cubro por armação barata de camelô de Alcântara... reviro poemas nulos que desacredito serem poemas. - não por falta de lirismo - nem por falta de rimas ou idioma na ponta da língua. poema tem que dizer coisa, tem que transmitir sangue, transfusão de sentimentos, cores que significam... azuis de tristes; pretos de lutas e lutos; vermelhos de paixões e guerras; amarelos de tolices. o poema nulo é aquele poema branco, meio hóstia que não purifica nada, se não confessa antes. e debaixo da lente de plástico, contra indicada, eu digo... eu busco um poema que condene, que abra as vistas como sopro de mãe quando cai cisco. rosangela a.

Disperso

meus olhos ardem diante deste céu azul e das espumas brancas quebrando na areia. distante... fostes pássaro e sobrevoavaste meu peito acelerado que agora é apenas lamento, despedida... mas ainda vejo tuas asas batendo feito pássaro que perdeu a rota. desertor de nós? talvez, e eu já disse antes sobre eu ser pipa voada e, talvez esteja por um fio. esteja atento as gaiolas daqueles que te despem e te tiram a liberdade de ser ave. nunca, nunca longe do ninho ou da terra aos quais teus olhos, mesmo que sangre se afastam. cuida da alma pássaro! e voe se desejares... lute, guerreie. mas esteja atento ao retorno ao bando a que pertences e a Paz que pertence aos filhos de Davi. rosangela a.

O AMOR CONSUMO

São tempo cruéis amigos. Estudamos no YouTube com coachs de amor, de sexo, phds em relacionamentos. Fazemos cursos de pompoarismo online... Preparamos currículos nas mídias sociais e sites de relacionamentos. Precisamos amar, mas não sabemos como, ou reconhecemos quando amamos. O amor vide bula. Prescrição: Vc deve consumir este sentimento caso esteja se sentindo solitário, mas com coragem suficiente para dividir sua solidão com outro ser solitário, que amar o imperfeito é mais eficaz que a busca incessante pela perfeição, tenha em mente que suas carências poderão não ser supridas rapidamente, por isso recomendamos não parar o tratamento. Mas caso vc tenha feito uma lista de atributos, pare imediatamente o tratamento e procure o espelho mais próximo e lute na justiça pelo direito de casar com vc mesmo, ou compre um Golden Retriever e vá ser feliz. Antes de consumí-lo por favor é importante atualizar suas redes sociais. Posologia: Consuma em media de 3 a 4 vezes por semana, se possível

Eu vivo perdendo as coisas....

os óculos na cabeça, a caneta na mesa, os anéis no balcão do salão, às vezes na pia do banheiro, ou da cozinha. a tesoura de cortar unhas? eu nunca sei onde está. não me pergunte. as chaves? você está de brincadeira! eu já perdi a hora, e estou sempre atrasada. já perdi a manhã inteira! a tarde fugidia... o eclipse. eu já perdi tempo. uma vez uma pessoa me disse que ter esperanças não era lá uma coisa muito interessante de se ter, afinal você não está acreditando no seu propósito, você está esperando que ele aconteça. o certo mesmo é você ter fé, pois quando você tem fé, as coisas acontecem. neste dia eu perdi as esperanças ... e foi complicado porque um pouco antes eu havia perdido a fé. eu já perdi dinheiro e fiquei pobrezinha. já perdi meu próprio aniversário, acredita? já perdi amigos, amores, filho. já perdi a coragem de sair da cama e pentear os cabelos. ai você deve pensar... "Nossa que mulher perdida!" não seja tão pessimista, embora viva perdendo as coisas, eu nunca
A moça Vê a vida como um barco. Tem um leme que ela soltou. Ela atravessou inúmeras tempestades, e exausta quer se entregar ao ócio. É como quem diz a um Ser Supremo... "Deus, pega um remo, ou segura o leme, eu não estou dando conta. Se nada podes fazer me arruma um bote, uma boia." Aí o Ser Supremo pega a moça e faz como fez com Jonas e a joga na barriga de uma baleia. Inteira, e sabe se lá como... Ela consegue respirar, mesmo que esteja ofegante com o coração em descompasso. Sabe crise de pânico que nunca acaba? A moça já passou pelo casulo, pelo deserto, já foi fênix, agora a moça se sente Jonas. O Ser Supremo nada responde, está em silêncio. Ela não tem Nínive para salvar ou ao menos não a enxerga, e como Jonas, renega qualquer propósito... Mas ao contrário do mesmo, ela não sabe o que o Ser Supremo quer dela, ou ao menos se Ele existe, ou se é apenas uma ideia fixa na cabeça. Ela dúvida de tudo que lhe é servido a lá carte. Isso ocorre por a moça está cercada de mentiras

entre mágoas, pontos e cicatrizes... vou coser uma colcha de retalhos

o fio passa pela ferida atando um lado ao outro, o fio de coser palavras, mirar espelhos, de bordar as dobras, de enrugar paisagens. se segue uma trilha, amarra a outra. — não tem jeito! parece trem de partida, talvez pudesse ser de chegada, mas é trem que retorna fidedigno.  — este fio é como trilho de linha férrea! eu de cá, sob meu ponto de vista... me abro para deslisar meus cabelos sobre o colo dando nova rota, novo destino, nova poesia, nova canção. até mesmo novo abraço sobre o peito aberto que me recebe. este fio traça nova linha no meu olho, desfigura a curvatura das maçãs de meu rosto aumentando a covinha lateral quando rio de emoção. ou se eu chorar... talvez. nós nunca sabemos até onde foi o rasgo, até abrir o tecido. se vai precisar de mais linha, se vai dar mais corda, trilhos ou dormentes. —   e se sobrar ausências? —   e se a gente for meio que moldura fresca em mãos de artesão? é meio que crer em ponto cego, contar apenas com o reflexo, ou com o dedo que desliza pela a

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