sonho de passarinho no ar. controlar o voo, o pouso, a chegada e partir novamente pelo céu acima do campo. o destino traçado nos olhos como fosse febre, o nariz escorrendo até a boca e os pés fincados na lama barrenta que a chuva fina alimenta. segura sua linha tênue de vida, galgando pelos sonhos traços e cortes cacos de vidro triturados pelo piso, gibis picados, rabiola comprida. o grito de mãe, o eco no espaço/tempo, o vazio e a partida. cortou o pé em farpas de bambú o menino anda sangrando pelo caminho atento ao azul e a direção do vento. há um ponto de chegada. é quando a linha se parte e ele precisa alcançar a pipa voada em outros mundos, além das ruas e avenidas, atrás dos muros. aproveite as frestas que o medo dá nos buracos das fechaduras, e observa bem a nudez silenciadora da vida, nos dias de céu cinza. rosangela a. Fotografia: Edoardo Gobattoni