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Mostrando postagens de 2021

no intervalo

um dia cinza me olhou pela janela em outubro após uma noite sem estrelas os jambeiros floridos e seus quintais róseos chega dói tanta beleza a luz chegou manhãzinha acordo assustada com o barulho do ventilador e com a algazarra do menino que grita trepado no jambeiro morte aos índios, Marielles, aos gays e aos negros gesticulando uma arma dos dedos ao cotovelo gritei até o cerne quando vi o tronco escorregadio e o menino que despencara ao chão indomável despertei imediatamente com vontade insana de gritar... - Me devolva o menino! rosangela a.

red line

deixastes os pensamentos amarrotados. na cama que range, tem meu suor impregnado. um pelo se agarrou ao veludo que cobre a pele. há um apelo de retorno e um certo medo do contorno. mas o que se faz quando se entra num labirinto que só tem uma saída, e se perde entre caminhos de ilusões? cena 1: luzes apagadas na colina. nenhuma corredeira. no asfalto, silêncio. o sol se recolheu mais cedo em seu dia nublado. as pedras escorrem das frágeis mãos. e ainda assim as chaves persistem debaixo do capacho empoeirado. alguém demora. outro alguém perdeu o mapa. outro ainda, perdeu o trem. outros a chance. confesso... nada é impossível, ou tão possível quanto parece. cena 2: alguém abriu a porta e tirou a máscara. te contei que Perseverance pousou em Marte? "Rover Perseverance"! não direi quem escreveu este poema ordinário... - que coragem! ou seria couragem? perdoe... último dia de Mercúrio retrógrado. rosangela a.

me concede uma dança?

Eu me dedico bastante nas coisas que faço, principalmente em questões de relacionamento (no geral mesmo). Inocentemente quando me separei, passei a exigir do mundo reciprocidade. Isso custou uma perda de tempo! O ser humano nunca será recíproco, ele não consegue simplesmente retribuir carinho... E pode ser filho, pai, amigos, amorzinho... O ego faz com que nosso objeto de afeto se sinta em dívida, então ele tem que sair por cima na relação, pq está fechado no ego. Negar fatos é uma excelente estratégia para isso. Só que é tosco! Mas eu parei mesmo de esperar reciprocidade quando comecei a pesquisar se toda a afetividade que dedico aos meus não seria meu ego querendo criar "crédito" no mercado. A resposta foi não. Eu sou de fato uma pessoa dedicada a querer e fazer o bem a dar carinho, naquele estilo... Vou fazer um bolo, de banana que é o teu preferido; vou cortar os teus cabelos; quer que corte as unhas de teus pés? E sou assim desde criança. Ou seja, é algo essencial. Mas..

Masculinidade - Tiago Iorc

  "Que complexo é esse mamãe... é você?" Por que um corpo masculino num saiote vermelho, rebolando com um coro gritando "anima", incomoda tanto? Estamos tão adaptados ao estrago que quando nos deparamos com uma desconstrução... ou melhor, um progresso evolutivo num padrão de comportamento... olhamos com entojo. Preferimos a sofrência, os 50r$ esfregado na cara daqueles que nos traem, espalhar nossas mazelas sobre a mesa de um bar a outros feridos e temos aversão à 6 minutos de um homem abrindo suas fragilidades em redenção. Por quê? O que mais me chamou atenção na música do Tiago e creio que passou quase despercebido é a frase citada acima. Não sou fã do Tiago Iorc, não conheço o trabalho dele, sinceramente "Masculinidade" é a primeira música que ouço dele e o que me despertou a curiosidade foi uma chamada da Maria Homem sobre a canção, porém gostei e pretendo explorar mais do conteúdo dele. Mas ela traz pontos importantes sobre a masculinidade, ela coloca

Redenção

Que tenhamos a capacidade de nos redimir de nossas maldades perante Deus, não é? Isso é um pouco sobre fé. Hoje talvez estejamos cegos, iludidos diante da banalização dos direitos humanos, diante do que é (não digo certo), mas "justo" para para com todo o meio em que vivemos. Há um Boi gordo no centro de São Paulo, há pessoas comendo osso... São as contradições da vida, crua não é? Porém existe um Deus, eu creio, e penso Nele sempre que vejo meus bois gordos com os quais afronto com arrogância, os meus! ...Mas quando as luzes se apagam e descemos de nossos palcos virtuais, creio eu, que aquilo que temos como verdade mais íntima, aquilo que não podemos esconder do outro, acaba vindo em confronto com nós mesmos. O olho franco que sabe onde matamos o outro... o ponto fraco a cada dedo que nos abrevia. As atitudes que nos condenam, assim como nossos sacrifícios, nossas penas caídas, nossas cruzes, com os quais tentamos diante daquilo que concebemos ser Maior que nós justificar no

Ônibus do Terror

  Estava vindo de Maricá para Niterói e no ônibus dois homens conversavam com bastante entusiasmo. Parecia que não se viam a muito tempo e que um deles estava morando em São Paulo. E conversa vai, conversa vem, um deles falou que estava se juntando a uma outra mulher que estava vindo de São Paulo. Quando o invejoso, asqueroso, mal educado, mal diagramado, provavelmente eleitor do Coiso, retrucou: — Você não aprende não cara? Quer levar chifre de novo? Vou te contar, você é muito corajoso. Mulher é tudo vagabunda. Não salva uma sequer. Vai te botar chifre, você vai ver. Eu não quero saber de mulher nunca mais! Eu não gosto de levar chifres e todas elas se sentem no direito de fazer isso com a gente. Ao ter um pequena brecha quando o asqueroso parou de falar para tomar fôlego ou refletir sobre o chifre que provocara o trauma exposto acima, e para continuar nas afirmativas ultrajantes às mulheres ou outro ensaiou uma frase. — Não é bem assim, tem suas excessões. — Tem nada! Deixa de ser t

Que tal mais um café?

o que é a angustia além deste diálogo que tenho comigo? esta intriga que me confronta cara a cara no espelho, este querer mais do mais, mesmo que me cause agonia, esta inquietação pela vida que se apresenta diariamente? e se fosse só de Paz a vida o que seria de mim, o que seria da gente? o tédio me escaparia entre um banho e outro? ou me suficaria ao escovar os dentes? não penso a vida em caixas de presente embaladas cheias de fita, muito menos anseio o conforto do plano cor de rosa cheio de afeto. eu imagino viver assim... angustiada pelo que vem pela frente. esta dorzinha no estômago, o coração acelerado, a cabeça zonza quando me levanto, com intervalos de gargalhadas - e adoro quando ao meditar quase levito. a banalidade presa na garganta que eu quase regurgito... mas não quero parecer tola, embora às vezes(...) eu só não me iludo mais entende? deixo as coisas quietas em seu canto. quem sabe eu ainda escreva algo a respeito. algo insano, puro e um pouco fora de contexto. só não me

ciuminho

eu acho o ciúme um sentimento tão atraente tá, sei que haverá discórdia mas eu acho aquela coisa de "é meu ninguém tasca" aquela coisa de "você me pertence" muito interessante. imagina alguém que acredita que você é dela,  mesmo que você seja um devasso, uma devassa... e ela *a pessoa saiba perfeitamente disso e talvez isso a exite. não é atraente? que coisa quente que coisa louca ...louca! aí está o motivo de eu achar atraente rosangela a.

Lech Lechá (por mais absurdo que pareça)

Eu vim de Urano e Gaia, Sou parte do firmamento. Eu sou aquela que nutre a Terra e toda humanidade me ordenha. Nutro-a com meu sangue, leite e a contragosto, com meus rebentos. Mesmo que me queime as vistas, mesmo que me doa a partida. Todos saem de meu ventre e a todos devolvo ao solo, ainda que antes me deite. Sou mãe de Kairós e todos os deuses. Sou Reia de Chronos. Vi meus filhos sendo tragados pelo Tempo e o traí em nome de todos. E de cá, entre a cronologia e o tempo oportuno, grito Aion! Sou aquela que observa a Lua e ao observá-la sei quando parir ou ovular, e ovulo legiões em meu ventre de fêmea. Quando não possuo ventre sou máscula, puro instinto... Já falei que sou intuição e tenho voz agora? Já falei que sou cíclica e como as marés arrasto tudo que vejo? Já falei que sou rio e nunca volto ao ponto de partida. Mas aí cabe exceções... E nesse estágio já não sou rio, sou delírio, ou algo insano que se despe e se perde, para se encontrar mais adiante. Por vezes sou mar... Uma e

Poeta Eremita

não sei o que dizer diante do silêncio é como dar murros contra a parede é como agitar um mastro sem vento gritar num descampado sem eco não sei silenciar o que sinto nunca deixo nada inédito isto torna qualquer coisa que digo sem nexo barato desgastado nasci para o bate papo as longas conversas as gargalhadas para falar do sol do dia do vento lembro os velhos de minha infância sentados num banco de madeira nos portões falando de músicas meninas cachimbos crochês enquanto cuspiram no chão hoje nos restam os likes, os feeds rolando sem nada dizer emoticons para dizer, estou aqui olhadas às escondidas nos storys e muito muito silêncio a vida anda triste em minhas mãos o feed corre entre likes e emoticons felizes parece que me guardei numa caverna de solidão só me falta falar com as paredes temo delas responderem rosangela a.

via iris

tudo aqui é uni/verso ainda que seja reverso meu pensar as perspectivas dos anos que variam em minhas iris constelações ganham rostos e eu miro o céu noturno para identificar semelhantes ou algo dos semblantes que se apagam mesmo a parca lembrança do traço que não quer saltar e e em meus olhos provoque uma cegueira de autosabotagem pois além do que se vê há efeitos colaterais que incoisncientes provocamos no corpo que a todo custo dribla o que o mata cada ser multiverso adverso a própria existência mira minha iris e não se apegue a tristeza ao redor dela eu sei que o entorno seduz com um timbre uma derme um perfume um pedido de socorro e um sorriso que engana mira minha iris dentro dela e se como eu você observar constelações eu saberei que esta angústia não está me enlouquecendo e sim que a poesia me entorpeceu ao ponto de me desvelar por inteira em involução e de me compreender expansão universal além das estrelas que meu limitado aparato de enxergar me permite ver mira minha iris vo

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