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Mostrando postagens de julho, 2022

Felicidade

Acabei de ver uma cena que me tirou o chão. Fiquei absorta com um riso de mofa no canto da boca, olhos lacrimejando. Quase entrei em pânico, e correndo para dentro de casa. É que aqui, de frente para minha casa, um pescador alimentava gaivotas. Descaradamente, com toda aquela bondade ele lançava ao ar peixes, e elas entendiam o comando e com uma mira certeira, elas os pegavam. Ao ar, ao ar mesmo, no céu aves se alimentavam. Alimentando toda aquela cena humilhante, a lagoa luzia serena debaixo do sol de inverno, o som que se ouvia era das mesmas gaivotas agitadas pela facilidade do alimento gratuito. Peguei correndo o celular e procurei no Google uma definição que me orientasse sobre aqueles sintomas... "Sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação." Felicidade: Condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente. rosa ataíde

incontáveis tons de cinza

foi em um sábado cinza, que senti pela última vez teu cheiro. você se vestiu de preto com uma camisa jeans por cima. foi a praia. cabreira... sem que você percebesse,  coloquei no bolso da camisa o número do telefone. ele virou cinzas, você virou cinzas! meus olhos também ficaram cobertos por uma neblina cinza... meus cabelos, eu inteira fiquei cinza. olho nos olhos das pessoas, fica fácil observá-las na página ao lado entre amigos, seguidores, pedidos de amizade e até sugestões por sermos, iguais - semelhantes, um pouco mais compatíveis. elas estão enfileiradas em perfis sorridentes e me apavoro com os que nada dizem, só replicam memes, tuítes e me pergunto... será esta uma alma cinza? que de de tão cinza, não consegue expressar qual brasa ardente a deixou cinza? embora os olhos denunciem alguma chama - os olhos sempre denunciam. será que são elas mais cinza que eu? mais que você naquela tarde de sábado? alguém disse que é impossível se por no lugar do outro... fiquei extremamente tri

Faz silêncio

Pouco antes os pássaros em revoada partiram para lugares mais quentes. As formigas desapareceram da pia, do quintal. As abelhas não vieram me acompanhar no café da manhã. Faz silêncio Um silêncio meio oco, de estremecer o corpo inteiro, aquele de metas alcançadas, de escola vazia após as 18hrs, sono sem sonho. Faz silêncio e o espaço se amplia. Sabe quando a água acaba e falta luz no bairro à meia noite? Quando zera suas espectativas do que virá do outro? De você? Calem-se as ofensas! Faz silêncio... Eu peço. Não há doentes aqui, ninguém respira por aparelhos. É só um favor! Faz silêncio minha mente povoada. Calem-se monstros, calem-se santos... Calem-se quereres, dissabores. Faz silêncio coração, ameniza teus batimentos. Estou ouvindo teu estrondo palpitante como caixa d'água vazia quando liga a bomba. Faz silêncio Preciso sentir este nada que sou,  este vazio sem fim. O intervalo entre minha inspiração e o expirar. Assim como um broto traz à tona o que chamamos vida, apenas com u

Terra de Pindorama

A terra do barro vermelho, dos pés descalços na lama. Vermelho do urucum na pele indígena que agradece a boa colheita, a pesca farta, a saúde do povo. Das telhas forjadas nas coxas do povo cativo, do negro drama que sangra nos bueiros, nas esquinas. Da moça de olhos pretos parecendo jabuticabas... Subindo a trilha fujindo pela mata. A terra da Pindoba e suas variadas palmeiras. A terra de bandeira verde, amarelo, azul e branco. Mas que devia ser vermelha. rosa ataíde

Maria

me dê um pouco de tua boa fé? estou de joelhos, mãos suplicantes, silenciosa como um monge. me ocorreu que talvez você pudesse me ajudar já que para ser santa e suportar teu filho na cruz, em algum momento você precisou ter muito dessa fé que move coisas. é que sou. e ser me exige tanto que preciso crer em algo transformador que me ajude a prosseguir sendo. sinto que me falta o chão, estou em queda, como uma folha desprendida. te pouparia o peso do meu corpo clemente de fé se tivesse o mínimo dela. não quero espera/nças esperança me remete a uma espera ansiosa das coisas e ansiedade já possuo aos montes. numa primavera de 74 alguém me trouxe aqui, houve um milagre e nasci, e eu respirei, e chorei sem entender o ar nos pulmões. é que até então eu era aquática, o som que ouvia se limitava ao meu coração coração, o coração e a voz materna ao fundo. emergi por conta do milagre, da força de minha mãe, de minha necessidade de existir... rompi as paredes de seu útero, envolta em placenta. acr

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