incontáveis tons de cinza



foi em um sábado cinza, que senti pela última vez teu cheiro. você se vestiu de preto com uma camisa jeans por cima. foi a praia.

cabreira... sem que você percebesse, 

coloquei no bolso da camisa o número do telefone. ele virou cinzas,

você virou cinzas! meus olhos também ficaram cobertos por uma neblina cinza... meus cabelos, eu inteira fiquei cinza.

olho nos olhos das pessoas, fica fácil observá-las na página ao lado entre amigos, seguidores, pedidos de amizade e até sugestões por sermos, iguais - semelhantes, um pouco mais compatíveis. elas estão enfileiradas em perfis sorridentes e me apavoro com os que nada dizem, só replicam memes, tuítes e me pergunto... será esta uma alma cinza? que de de tão cinza, não consegue expressar qual brasa ardente a deixou cinza? embora os olhos denunciem alguma chama - os olhos sempre denunciam. será que são elas mais cinza que eu? mais que você naquela tarde de sábado?

alguém disse que é impossível se por no lugar do outro... fiquei extremamente triste com isso. nunca saberei dizer como se sentem as pessoas que nada dizem e sorriem como num desafio... 

"Sra morte, olá! Ainda estou viva." 

ou 

"Sra morte, olá! Estou pronta e não aguento mais isto."

conheci uma mulher séria. extremamente seria! olhei o perfil dela e em todas as fotos ela sorria, como uma naja encantada que a qualquer momento pode sair do transe. 

acho imperdoável não saber o que você...

sentiu naquele dia em que se calou, e não me perdoo por isso.

logo você que era cheio de cores e tinha olhos de mel, quase verdes e me sorria, um riso largo de selfie? 

Que brutal semelhança, entre os perfis que assisto!

rosa ataíde

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