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Mostrando postagens de novembro, 2020

Pedra, palavra, cal

o tecido que nos cobre a carne. pele fria, aquecida, satisfação e sentido? poeira que se dissolve no piso, nos anos em que nos desfazemos no gastar de nossas entranhas. líquidos, evaporados - salivas estamos fervendo! numa ebulição de transformar... gente, sentimentos,  gestos, sorrisos e gritos. gastos. estamos nos gastando, no degustar de nossas almas! até virarmos espíritos. e aí quem sabe... sobre os ossos, sob a terra que nos nutre pedra, palavra, cal e memórias em fotografias. rosangela ataíde

o tempo leva...

na correria parei no tempo cismada silenciei a voz do futuro esqueci promessas do passado na correria percebi que o tempo não mais existe e meus pés que racham por efeito do uso rachariam pelo descaso a vida é o que tem de será? com efeito no que foi... a vida ensina que, o que é, foi e o que será é. rosangela a.

Onde você está agora?

  eu hoje compartilho lembranças, algumas verdades, algumas mentiras, a sedução, o adeus sem palavra alguma o pesar, de ser livre e nada ter de você comigo - memórias eu compartilho sonhos... sonhar é o que me cabe desde o último beijo em seu lábio. sonhei com você alma gêmea e por ser teimosa, insisto em ficar aqui lembrando. hoje o dia amanheceu de cama, acordou mais tarde. hoje é dia de saudade... daquelas que aperta no peito e se sente na alma. rosangela a. atualizando postagens antigas

aos insolentes

  Às vezes me sinto como uma corrente de água que vai se adaptando ao espaço por onde passa. Eu penso insistentemente nas experiências do dr Masaru Emoto. E penso no poder que as pessoas que nos cercam, tem de nos destruir cada dia com palavras insolentes. Mas a questão aqui não é o outro e sim o que absorvo como verdade, das palavras que o outro profere. O que me afeta na maldade do outro não se ria apenas o que há e de verdade aqui dentro? Lixo? Medíocre? Insana?... É necessário separar o que é meu e o que é do outro. Se fui programada ou não para acreditar que sou um saco de lixo, o fato é que o lixo está aqui dentro... Então o que faço? Espero o lixeiro passar? Jogo o lixo no quintal do outro? Reciclo? Devolvo ao dono do lixo? rosangela a. atualizando postagens antigas

observadora...

  o eu delírio segura entre os dedos o lençol e quase grita se entorpece em sua nudez pálida entre o azul claro e o negrume de noites estreladas mira distante meio míope e torna-se viajante entre mares nada nas correntezas imaginárias o eu sóbrio agarra os lençóis mira ejaculações manchas de sangue sem viajar nenhuma légua apenas mira a verdade silente entre delírio e sobriedade tem um coração pendurado no varal quase seco rosangela a.

Ave Mulher

Leio os gritos das mulheres poetas E assimilo o amargo e o doce da vida No seio que cresceu e secou Na vagina deflorada Escorrendo todo líquido feminino No estômago enjoado No peito tantas vezes dilacerado Eu vejo em cada escrita a dor A falta de zelo O renovo do amor próprio A altivez de uma vida inteirinha Eu leio os gritos poéticos de mulheres Que sabem o gosto da receita: sangue e lágrimas misturados ao batom vermelho Aquelas do lábio inchado, do olho roxo Já conheceu alguma delas? Poetas de poucas palavras Poetas de prosear Poetas que contam histórias Poetas que fantasiam Poetas da soleira da porta da sala ...Da cozinha Poetas bulímicas De Lesbos Do berço vazio Do rebento sepultado Das viúvas Poetas da depressão pós parto Pós bodas De anos à fio Não posso esquecer as poetas mortas As suicidas Aquelas que morrem cada vez um pouquinho ...As esperneantes "Pedro, devolva meu chip!" Como quem dissesse "me devolva por favor o falo, Pedro. Me devolva a vida!" Eu leio

As Preteridas

Há notas sutis entre o dito e o feito. Como laranja viçosa quando se faz fita  e o que se tem é puro amargor. Quando você diz saudade, mas perdura em ausência. Aquele que te acolhe ao peito  deveria dar prova  do doce aguçado em presença,  nunca o esquecimento das horas tristes. Se das diversas flores fostes escolhida,  é bom saber  outras flores foram semeadas ao teu redor  e todas exalam fragrâncias  e talvez tuas raízes se encontrem  debaixo do solo fértil que lhes deu vida.  Jamais serão esquecidas, ou deixarão de ser regadas.  O jardineiro nunca é fiel a uma única flor,  nem mesmo o colibri o é quando a beija... seja pelo perfume, pólen, ou pela exuberância aparente. Todas são preteridas no abandono e a colheita não perdoa nem os brotos. Nenhuma sabe llidar com o trágico medo do distanciamento, quando o jardineiro  bate atrás de si o portão que leva ao jardim, mesmo que diga "tu és a flor mais bela". É com um gesto sincero, muitas vezes radical que se percebe o medo e só

Quase Tesa

  quero a vida na ponta dos pés... a leveza que aponta da dor e forja esta força necessária à vida. tão bela tão sincera a respiração tremida o olhar mais tímido a musculatura tensa quase tesa. a paixão da donzela que galga como quem costura palcos no sincronismo equilibrado deste sofrido/alegro de viver. dizer que bailarina não sua é como dizer que homem não chora os meninos que passam por aqui tem olhos lacrimejados - humanos - quero a vida em pontas os pés gastos, calejados de quem viveu e como diria Francisco Otaviano "Quem passou pela vida em branca nuvem E em plácido repouso adormeceu, Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu, Foi espectro de homem, e não homem, Só passou pela vida, não viveu." rosangela a. Reminiscence - Ólafur Arnalds, Alice Sara Ott Coreografia: Madison Lynch

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