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Mostrando postagens de 2020

Paulo de Tarso

  Saulo  se fosse apenas Jesus, seria o cristianismo algo descortinando, pleno e eu estaria rendida junto as Marias... mas tem Paulo, o de Tarso todo ferido, amargurado mesmo que exaltado. o Paulo,  meu calcanhar de Aquiles, que me sujeitou a submissão quando tenho alma de Afrodite. mesmo sob exortações incontáveis ...espinho na "minha" carne que me fere as vistas. mas nada é suave como o mel, e nem mesmo o mel seria. as abelhas, e só as abelhas sabem bem disto. rosa a.

soulfull

necessário o vulto ocupar espaços um vento exasperado a bailar nas artérias sal, palavras e carbono necessário emanar algo perfumar rumos desfazer rumores transmitir o necessário apenas esbanjar essência até que perfaça a trajetória... ser suave na hora certa ser drama na hora oportuna é necessário que te caiba vida até a morte - espírito é necessário alma rosa a. Imagem: Sartorius

Hemorrágica

  eu sangro e sangro todo mês e o ciclo demora a se encerrar vermelho... parece carne os óvulos não fecundados as filhas que não pari escorrendo entre as pernas e vou me esvaindo devolvendo a Terra minhas partes perdidas e se for lua cheia ovulo do lado esquerdo e dói e tudo é mais intenso: sangue intuição choro vazio e as despedidas até que chegue o outono da via quando murcharei todas as pétalas * findado o ciclo no inverno da vida começarei a perder o vigor assim, será a Terra a me tragar esvaída de todos os meus seres - raízes profundas deixarei serei eu, a árvore que não plantei o livro que não escrevi os amores que perdi um nome escrito na areia para que o sol ilumine e uma onda apague. sem dizer adeus rosangela a. 

cenário

parece que vivo fora da minha vida... peixe fora d'agua, borboleta num aquário, pássaro sem voo e sem gaiola. tamanha é a ansiedade, e eu nunca vi igual ...de receber quando apenas se doa e ora, eu estou doando minha alma agora. em fuga da que sou, na espera da que deveria ser, quem sou eu aqui? será que no final das contas sou eu o reflexo no teu olhar quando me observas, sou eu na contramão a espera de uma mão estendida visto que muitas me foram negadas? e u  n ão entendo nada! será que vivo ansiosa pela vida que me foi negada ou pela vida que renego? e este lance ao qual me entrego por inteira... é amor, ou um filme em cartaz que nunca começa, ou não me adapto ao cenário? a vida passa diante dos meus olhos - um trailer em flashes - e a sensação que tenho é que eu não estou nela. rosa a.

Matamos o Amor

Matamos o amor. Eu estive observando debaixo deste calvário as suas poucas vestes, o sangue escorrendo enquanto ele agonizava silente. E eu queria salvá-lo, dar-lhe de beber o néctar da vida, descortiná-lo até o caos, para resgatar os imperfeitos dentro dele. Soar palavras de encanto enquanto minha língua deslizasse sobre tua orelha e estes espinhos fossem minhas unhas dilacerando suas penas brancas, tão cheias de Paz. Mas matamos o amor. Ali no alto daquela colina, provavelmente por covardia. Antes de matar o silenciamos ao extremo Mas o amor foi insistente... ele sobrevive em paisagens tranquilas e até a dura inércia dos dias tolos. Sim, matamos o amor por medo, já que o medo promove a falta de fé e a desconfiança seca até os pântanos da emoção. O contrário de fé deveria ser pedra já que embrutece qualquer peito. E todos traem diante da desconfiança. E ainda sobre o medo... Creio que não exista nada que corrompa mais os seres. O medo te leva a abrir o coração e até as pernas a qualqu
  Meio que forçosamente eu assisti Newness no Netflix. Digo forçosamente pois o filme aborda coisas que para minha pessoa, são indigestas. Eu acredito no amor, mesmo quando ele vem de forma bruta, não confundir com toxidade. Digo bruto em estado, algo que precisa ser lapidado, eu entendo que embora a paixão seja impactante, o que vem depois dela é o que realmente importa e para tanto é necessário tempo. Acontece que vejo que as redes sociais, mais que banalizar o amor, tem o tornado impossível, algo fadado a morrer. Estamos nos tornando imaturos para o amor. Aquele amor real que perdura no pesar dos desafios do convívio. Pois se para conviver é necessário se concentrar em algo que tenha prioridade em nossas vidas, como se concentrar tendo nas pontas dos dedos um cardápio vigoroso de almas inquietas buscando realizações egoístas? De alguma forma tentando enumerar... Prazeres carnais, fuga de sentimentos, falta de tempo, associações de relacionamentos à supostos traumas, etc... Mas eu ai

Insista na Felicidade

Estou aqui novamente de frente com o limbo.  Faz dias, não consigo escrever nada, mas isso é normal quando estou confusa quanto as verdades e mentiras que me rodeiam, quando me perco de meus propósitos de vida... Sabe quando a gente tem que mudar a rota do nada porque a via a qual se segue está obstruída?  Ficamos meio putos né? Mas não há o que fazer... Vamos mudando o roteiro e eu não sei se devido nossas escolhas ou os planos de um Poder Maior.  Mentiras me deixam muito confusa, principalmente quando elas vêem em formas de verdade, tipo "Deixa eu te contar uma coisa? Lembra..." É como se a pessoa não tivesse outra opção a não ser contar suas meias verdades apenas porque a vida está empurrando ela para o abismo da máscara caída. Aí não me resta muito o que fazer, a não ser fingir que aceitei a maldade. Não é maldade, você meio que servir numa bandeja de prata, algo cuspido e escarrado quando você pode avisar, "olha, eu cuspi neste canapé aqui óh"? Bom, acabou que

Planet Earth Is Blue

Planet Earth Is Blue Minhas mãos percorrem as margens amareladas deste velho livro buscando mais que uma poética forçada. Um desfazer dos meus conceitos e virtudes. Algum medo de te ver partir.  Uma certa tristeza. Isto que faz meu coração palpitar de agonia. Enquanto penso no teu exalar de artemísia e patchouli, penso em comprimir você num ácido volátil, numa ampola que poderia levar em qualquer viajem astral lírica! Sem reações adversas... Só, a tua presença antes de se esvair como percebo, nos dias que seguem.  Segues a mundos diversos eu sei, e em nada posso intervir. Segues... E seria pecado dizer que nesse fluxo não deixastes teu resíduo. Em qualquer lugar do hemisfério, tua presença causou potência de vida. rosangela a. Música: Gustavo Santaolalla - De Ushuaia a La Quiaca

Ave Mulher - Vídeo Poema

 

itinerário

  tem uma estrada longa    onde piso no acelerador        pós cada curva ela me leva a um desterro - me expatria    para além do contorno de meu corpo   ela me expele como um gozo pós coito uma única vez parei no acostamento  - pneu careca    retrovisor quebrado    radiador furado           uma única vez para para abastecer   por pura conveniência   tentei abrir o porta malas   - quebrei a chave eu já não me cobro tanto pela bagagem ela faz parte das coisas que não tenho controle as coisas que me introduziram pelos orifícios  aquelas que se joga no campo das coisas já resolvidas via sem retorno tentar me desfazer de tudo que não me pertence a essa altura... acredito ser impossível agora que assumo o caminho peguei uma trilha cheia de buracos e não sei o ponto de chegada    sequer percebi o de partida    - mas tem esta coisa  aproveitar o ar entrando pelos meus pulmões enquanto minhas narinas estão entupidas rosangela ataíde

caso perdido

 estou num ringue dando socos no ar já perdi a luta  mas estou esperando o nocaute ...uma ida a lona depois pego um fôlego para sentir aquele soco no queixo de adormecer  e não sentir mais nada no final quem perde mesmo? rosa a.

escrito em em tategaki

  escrevi um poema na linha do horizonte para ser lido na distância de teus olhos escrevi um haicai em tategaki para ser ler nas entrelinhas se possível em voz baixinha escrevi um conto pornográfico uma crônica cheia de cinismo escrevi em giz uma prosa em nanquim um soneto na parede uma frase escrevi um bilhete no capuz de teu carro com batom rouge escrevi em post-it e colei na geladeira escrevi à margem da tua pele sobre a minha escrevi em ocitocina, lágrimas, orgasmos ...quase tatuei fotografei em grande angular em contra plongeé filmei e subi no YouTube declamei até em podcast o meu amor tô pensando em publicar um livro! - o nome? - Cartas que ele não lê rosangela a.

as mulheres de minha vida

  ontem pela manhã ao tomar banho, notei a água escorrendo pela minha pele. eu sentei no box com com a água molhando meu corpo... chorei, chorei, chorei até sentir de novo aquela dor no peito de tristeza. eu lembrei de uma mulher me banhando no dia 15 de agosto de 2011, enquanto outra mulher aguardava na delegacia a testemunha e, outra estava no IML para reconhecer o corpo. lembrei que também estava sentada naquele box do casarão, lembrei dela passando a bucha vegetal pelas minhas costas, seios barriga e da delicadeza ao deslizar as mãos sobre a cicatriz do parto. a mulher secou meus cabelos me vestiu com meu roupão branco, me conduziu a cama e me preparou um chai e depois enquanto tomava o chai ela penteava meus cabelos, permanecendo ali até que eu dormisse. quase não trocamos palavras, mas quando nossos olhos se encontravam era como se uma neblina os cobrissem de mistérios. após um tempo levantei do box, desliguei o chuveiro e sequei as gotas de água como se cada uma delas fosse uma

animus

amar um homem no homem. em toda obra que cabe ao homem, além da medida da envergadura de sua asa. amar um homem que se torna homem. no pesar do queixo por vezes trincado, o semblante tenso... amar o homem que se desdobra no sorriso menino e que desaba com os olhos marejados escondidos. amar um homem nos dias cinzas ciente do vendaval que o dissipa, não apenas os dias... o homem. amar as vistas pairando sobre ti, as poucas vestes, os pés descalços, a ironia poética de quem nada diz quando tudo é dito. amar sim, o impossível. e quando se ama o homem, tornar-se num sentido junguiano cúmplice desse animus sem deixar de ser anima. amar o animal dentro do homem e observar o criador e a criatura, ainda que te domine o peso do homem, a bagagem da vida. amar o homem e o deus que o habita. amar o homem apesar do homem que o domina. tarefa de rainha... causa do sagrado feminino! rosangea a.

Desire

  é só um dia se sol! diziam os burburinhos, enquanto meu peito abrasado palpitava. eu me esgueirava pela parede de saibro para encontrar uma sombra e abrir meu peito num uivo, um uivo de despertar a cidade inteira como um disparate em pleno dia. um tiro contra um saco de areia, um som qualquer em meio ao silêncio. *** é só uma noite estrelada diziam os malditos bêbados gritando na rua. e eu fechava as janelas por conta dos mosquitos enquanto os meninos dormiam... e eu continha os gritos abafados, já entre os dentes. é a vida diziam os insanos enquanto tentavam uma explicação plausível. busquei nas religiões, filosofias diversas e Espinosa gritou comigo bem alto - que inveja - e Nietzsche? afagou meus cabelos, acalmou minha alma. e conheci uma palavra mágica, confusa, tão louca que me apaixonei a primeira vista. a poética tirou meu chão, meu céu me deixou despida e me levou numa correnteza de afogar qualquer grito. - é só um sopro a vida - diziam os poetas, as cortesãs, os velhos a vid

Pedra, palavra, cal

o tecido que nos cobre a carne. pele fria, aquecida, satisfação e sentido? poeira que se dissolve no piso, nos anos em que nos desfazemos no gastar de nossas entranhas. líquidos, evaporados - salivas estamos fervendo! numa ebulição de transformar... gente, sentimentos,  gestos, sorrisos e gritos. gastos. estamos nos gastando, no degustar de nossas almas! até virarmos espíritos. e aí quem sabe... sobre os ossos, sob a terra que nos nutre pedra, palavra, cal e memórias em fotografias. rosangela ataíde

o tempo leva...

na correria parei no tempo cismada silenciei a voz do futuro esqueci promessas do passado na correria percebi que o tempo não mais existe e meus pés que racham por efeito do uso rachariam pelo descaso a vida é o que tem de será? com efeito no que foi... a vida ensina que, o que é, foi e o que será é. rosangela a.

Onde você está agora?

  eu hoje compartilho lembranças, algumas verdades, algumas mentiras, a sedução, o adeus sem palavra alguma o pesar, de ser livre e nada ter de você comigo - memórias eu compartilho sonhos... sonhar é o que me cabe desde o último beijo em seu lábio. sonhei com você alma gêmea e por ser teimosa, insisto em ficar aqui lembrando. hoje o dia amanheceu de cama, acordou mais tarde. hoje é dia de saudade... daquelas que aperta no peito e se sente na alma. rosangela a. atualizando postagens antigas

aos insolentes

  Às vezes me sinto como uma corrente de água que vai se adaptando ao espaço por onde passa. Eu penso insistentemente nas experiências do dr Masaru Emoto. E penso no poder que as pessoas que nos cercam, tem de nos destruir cada dia com palavras insolentes. Mas a questão aqui não é o outro e sim o que absorvo como verdade, das palavras que o outro profere. O que me afeta na maldade do outro não se ria apenas o que há e de verdade aqui dentro? Lixo? Medíocre? Insana?... É necessário separar o que é meu e o que é do outro. Se fui programada ou não para acreditar que sou um saco de lixo, o fato é que o lixo está aqui dentro... Então o que faço? Espero o lixeiro passar? Jogo o lixo no quintal do outro? Reciclo? Devolvo ao dono do lixo? rosangela a. atualizando postagens antigas

observadora...

  o eu delírio segura entre os dedos o lençol e quase grita se entorpece em sua nudez pálida entre o azul claro e o negrume de noites estreladas mira distante meio míope e torna-se viajante entre mares nada nas correntezas imaginárias o eu sóbrio agarra os lençóis mira ejaculações manchas de sangue sem viajar nenhuma légua apenas mira a verdade silente entre delírio e sobriedade tem um coração pendurado no varal quase seco rosangela a.

Ave Mulher

Leio os gritos das mulheres poetas E assimilo o amargo e o doce da vida No seio que cresceu e secou Na vagina deflorada Escorrendo todo líquido feminino No estômago enjoado No peito tantas vezes dilacerado Eu vejo em cada escrita a dor A falta de zelo O renovo do amor próprio A altivez de uma vida inteirinha Eu leio os gritos poéticos de mulheres Que sabem o gosto da receita: sangue e lágrimas misturados ao batom vermelho Aquelas do lábio inchado, do olho roxo Já conheceu alguma delas? Poetas de poucas palavras Poetas de prosear Poetas que contam histórias Poetas que fantasiam Poetas da soleira da porta da sala ...Da cozinha Poetas bulímicas De Lesbos Do berço vazio Do rebento sepultado Das viúvas Poetas da depressão pós parto Pós bodas De anos à fio Não posso esquecer as poetas mortas As suicidas Aquelas que morrem cada vez um pouquinho ...As esperneantes "Pedro, devolva meu chip!" Como quem dissesse "me devolva por favor o falo, Pedro. Me devolva a vida!" Eu leio

As Preteridas

Há notas sutis entre o dito e o feito. Como laranja viçosa quando se faz fita  e o que se tem é puro amargor. Quando você diz saudade, mas perdura em ausência. Aquele que te acolhe ao peito  deveria dar prova  do doce aguçado em presença,  nunca o esquecimento das horas tristes. Se das diversas flores fostes escolhida,  é bom saber  outras flores foram semeadas ao teu redor  e todas exalam fragrâncias  e talvez tuas raízes se encontrem  debaixo do solo fértil que lhes deu vida.  Jamais serão esquecidas, ou deixarão de ser regadas.  O jardineiro nunca é fiel a uma única flor,  nem mesmo o colibri o é quando a beija... seja pelo perfume, pólen, ou pela exuberância aparente. Todas são preteridas no abandono e a colheita não perdoa nem os brotos. Nenhuma sabe llidar com o trágico medo do distanciamento, quando o jardineiro  bate atrás de si o portão que leva ao jardim, mesmo que diga "tu és a flor mais bela". É com um gesto sincero, muitas vezes radical que se percebe o medo e só

Quase Tesa

  quero a vida na ponta dos pés... a leveza que aponta da dor e forja esta força necessária à vida. tão bela tão sincera a respiração tremida o olhar mais tímido a musculatura tensa quase tesa. a paixão da donzela que galga como quem costura palcos no sincronismo equilibrado deste sofrido/alegro de viver. dizer que bailarina não sua é como dizer que homem não chora os meninos que passam por aqui tem olhos lacrimejados - humanos - quero a vida em pontas os pés gastos, calejados de quem viveu e como diria Francisco Otaviano "Quem passou pela vida em branca nuvem E em plácido repouso adormeceu, Quem não sentiu o frio da desgraça, Quem passou pela vida e não sofreu, Foi espectro de homem, e não homem, Só passou pela vida, não viveu." rosangela a. Reminiscence - Ólafur Arnalds, Alice Sara Ott Coreografia: Madison Lynch

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