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Mostrando postagens de abril, 2022

Kiev em fuga

Não quero falar sobre a Ucrânia Não, não quero! Não me venha falar disso Não quero contabilizar seus mortos Não quero as sirenes de seu medo, zunindo no meu ouvido Eu não quero ouvir! Eu não quero sentir minha coluna se arrepiar por tempo tão sombrio Meus olhos que sequem ouvindo Caetano pela manhã...  "Eu vi um menino correndo... Eu vi o tempo" Não quero sequer imaginar Os gritos de socorro das mães em estado de choque. Não, eu não quero  eu só quero a Paz E agora Lembrei de Clarice em um Sopro de Vida Não sei ter Paz! rosangela a.

tocar...

acertar a rota, a chegada. ajustar o ponteiro, o momento do estrondo, a algazarra. brincar feito criança lambuzada, abraçar na hora exata. rir de tudo, chorar por quase nada. tocar a vida, tocar, tocar com palavras. temperar a vida de sins, entender o porquê dos nãos e que as negativas nem sempre são regras estabelecidas /padrões. suavizar ao ponto de ser quase nada. um zerar de espectativas, uma promessa de fé. e crer absurdamente naquele sorriso mesmo que perdure uma eternidade, mesmo que se desfaça um segundo depois. chegar para ficar, fincar a bandeira, mas estar atento as despedidas. deixar as malas prontas! ...pois nunca se sabe se ficamos ou se vamos. e seja o que for, aproveite a estadia. rosangela a.

comece a gritar

palavras mostram a extensão do sentir e pensar

O medo que dá

reflito o cotidiano insano oferecido a lá carte. do medo que bate a porta de nossas sensações quase afetando a derme. a não aceitação de ser miúda, me torna imensa enquanto submersa no pavor diante das negativas de viver. o que eu temo de real? seria a humildade que me apequena, o baixar as vistas ao que não compreendo, o abalo sísmico no meu corpo quando alterado meu estado de coinsciência eu tremo, eu arrepio, eu desmaio? a voz baixa quando quero liberar o grito! eu temo o efeito, sabe? o bater asas da borboleta. o carteado desmoronando. eu temo o incerto, tudo aquilo que não vejo e não é palpável. porque o que compreendo eu encaro de peito aberto. já que minha teimosia é minha vilã e por vezes minha amiga... muito maior que minha pequenez diante do medo. rosangela a.
  o mundo é doce e cruel  na mesma proporção que cabe nas duas mãos espreitando as certezas que não existem essas mãos tateiam ilusões só me dei conta que ando num mundo de incertezas ao me deparar com as fugas os crimes, o desamor, a solidão a morte... essas avarezas tristes de estar encarnada de certo que as coisas mais certas se dissiparão o amor a permanência a retidão a felicidade a vida em si ando no mundo que tento paralisar enquanto este corre a velocidade da luz para onde não se sabe nem ele me agarro a este momento amanhã a outro mais fugaz marco o tempo em minhas mãos como se estas fossem uma ampulheta que sempre finda nelas ainda tento  como numa balança conter os efeitos das incertezas equilibrando o peso  do que na verdade é vazio... ilusório estou estática, deveria correr com o mundo e de certa forma corro me agarrando ao nada  que penso ser permanente pois estou quase feliz ...quase   a felicidades cega a gente    a tristeza abre as vistas o mundo gira e se movimenta no

Obsessiva

às vezes é só um olhar perdido em delírio. um olhar aflitivo, cílios necessitando rímel a prova d'água. mas já não acredito nesse desaguar de tanto que ele insiste. às vezes a cama chama para um repouso em lençóis brancos... — 200 fios de convite! acomodar-se a nada... só um corpo nú sobre uma cama branca, uma cicatriz aberta em lugar límpido. nenhum lugar quente, nem frio, nem sonho, nem pesadelo em meio a uma tarde de sol. melhor seria sentir a areia fricionando na pele estática, fria e úmida. melhor seria nada sentir e ligar o phod@-se, mas eu não consigo. — será que sentimos a decomposição? algum odor fétido de nossa carne? talvez isso seja triste, talvez seja razoável, talvez, sei lá... algo impensável, imperdoável? não sei, mas isso não sai de minha cabeça. rosangela a. Imagem: Michael Magin

A louça

Hoje lembrei de um dia de sol, sentada na sala de jantar de minha antiga casa. Eu separa porcelanas trincadas e sem pares. Hoje lembrei de um dia separando as louças da casa... Prato antigos, talheres desiguais. Tudo que fosse velho, em desuso eu separava para doar. Hoje pensei no quanto a vida tem retornos e é como se vivêssemos em vórtices. Hoje meu estilo favorito de decoração é o wabisabi, que consistente basicamente em restauro, principalmente de porcelanas. Hoje pratos antigos são relíquias! Hoje notei que como voltei para casa de papai, tudo na casa é dele e eu não tenho nenhuma xícara para servir o café às visitas. Hoje notei que a vida é mestra! E ela é insiste que a gente sobreviva conscientes de que a gente um dia se vai... Mas a louça? A louça não, a louça nunca acaba. Pense nas escavações arqueológicas, o que geralmente se encontra? A louça! Eu não deveria descartá-las jamais. rosangela a.

reciclagem

parece que alguma coisa entre meu cérebro e meu coração vai explodir. tenso! por isso penso nas folhas castanhas, as folhas mortas, por isso prefiro o Kraft, o reciclado. parece não fazer sentido, mas se algo entre meu peito e meu cérebro explode, me tornarei castanha como as folhas e adotarei a insanidade pela vida inteira... uma sobrevida. o paralelo está justamente aí! quando você se sabe cansada, mas não desiste. algumas folhas após a morte liberam brotos e isso é explendido. não tenho tal pretensão, mas penso nos meus rastros, nos resíduos que deixo em todo espaço que ocupo... esses são meus brotinhos. cuide bem e com carinho de seus brotos. e quando puder, recicle-se. rosa a.

deixem o sorriso dos inocentes

mesmo quando dor, mesmo quando florir, e florescer na memória um fluir das lembranças. deixemos as flores no lugar delas... no gargalhar dos inocentes, dentro de uns poemas, sem arrancar sequer uma pétala. deixem também, os espinhos a cargo dos poetas apenas a eles, e só a eles cabem o despetalar de uma rosa e a língua percorrendo o caule. deixemos aquele feixe de luz que ilumina as bochechas, o sombreado das covinhas, o brilho no olhar marejado de alegria, a joaninha percorrendo a delicadeza das mãos sob os olhares curiosos, ou a exuberância das pétalas. deixem aos inocentes o cortejo que não arqueia as sobrancelhas. deixem às flores o tempo determinado a elas. que não nos esqueçamos dos sorrisos deles, e o desabrochar delas. que não modifiquemos nada, no distorcer de nossos enganos. rosangela a.

vampirescos

  a noite que cala os exaustos, não cala os insaciáveis  a noite que ronca, a noite que ventila/dores em quartos escuros, cortinas cerradas... a noite de vielas vazias, de puleiros petrificados, de extenuados canis se faz em gritos aos loucos atentos, aos de pele e carne  atribulados que piscam os olhos arenosos a noite destes não cala nem por uma distração reverbera vertigens pálidas em gélidas faces úmidas e ruborizadas pelo tic tac das horas sem fim geniais, singulares  mortais ou não, os pertence as letras o vinho, os narcóticos, o entorpecer que os afaga e se raiar o sol o resquício noturno dissolve  as arestas, o pavor de se olhar as olheiras no espelho retrovisor a noite não cala para os que tem sede de sangue, olhos de vidro, supercílios arqueados, os que vestem preto mas ...isso não é sobre os cruéis ou sobre selvageria, nem sobre pneus deslizando asfalto, rachas das madrugadas isso é sobre/humano, é boemia  ou pode ser mal de prosa não dita pode ser de poesia essa gente, pode

eu queria ser Zen

a sombra a luz... o que tememos no escuro? é o frio é o quente é a febre e a hipotermia. a falta de ar a hiperventilação a taquicardia. é o medo é a coragem? o yoga a meditação Hari om Hari om... o vulto que assombra o estalo! às 3 da manhã a SQM o maldito mosquito. o pai nosso o pão nosso a oração... amém? rosa a.

habitada

olho atenta a margem desta nota em bits o ponteiro pisca - alguma letra? nela não cabe quase nada do que sinto, do que penso, ou do que digo em face. apenas uns versos que alinho ao entendimento do que é viver, poesia sem rima alguma. falta de espaço meu sangue ferve nas veias minha mente se revira em vórtices nos caminhos que poderia seguir e por teimosia nem insisti. vagueio entre nuvens nenhuma palavra bastaria hoje - fúria, agonia - não são medidas... mas descabidas rotas que levam aonde não sei. eu sou educada até quando me oferecem o fel na bandeja e ainda bebo lentamente. exclamo em alguns versos a fera louca que me habita e quer sair de certo poderia mudar o tempo o clima desagradável, evitáveis talvez. está tudo torto, mas nesta nota fica tudo formatado, bonitinho aos olhos de quem lê ...se é que temos tempo. e se chover, o provedor cair, alguma tempestade solar alcançar a Terra... não se preocupe. esta nota esquecida será limpa na memória cache ao desligar o processador. rosa

Mercúrio retrógrado

a palavra casca de noz difícil de quebrar sem ferir o dedo. mas as letras insistem adentrando num paralelo entre pensar e expressar... sem comunicar absolutamente nada, ao desatentos. elas insistem! parecem palavras moscas de tão sujas palavras ocas baratas saindo dos bueiros das podres bocas. vez por outra encontra-se uma palavra âncora sem mistério algum nos prendem a ela uma palavra bandeira branca asteada por equívoco. e se é verdade que a mente está não reativa a palavra dita diz muito do que a mente omite. a palavra ato falho dita quase sem querer uma palavra à contragosto. Mercúrio empacado me faz lembrar uma palavra escrita nas estrelas estou tentando lembrar... qual é mesmo? está na ponta da minha língua... rosa a.

apenas um rio

De certo que a loucura chegará a mim nos dias de ócio. Eu sei... Ela já não me espanta com seus ares de rebeldia, de quando a cabeça pesa de tanto pensar nas coisas que ferem e acabo falando sozinha enquanto preparo a refeição. De certo ela me tomará em tormenta, e só peço ao bom Deus que me tire a memória para que meu ego não seja tão açoitado pela vergonha, quando gritar e chorar sentada ao chão. Não quero lembrar deste lábio que me beija, se tenho filho menino, quantos eu pari, quantos sepultei. Nenhuma memória de reuniões familiares entre amigos, justo que os de sangue há muito me deram as costas, ou talvez por indício dessa loucura, eu é que me afastei. Não quero lembrar as mãos pequenas e cheirosas do neto que ainda não tenho, ou do dia que chorei no altar diante de minha nora. Certamente a demência me cairá como uma luva e não chorarei mais ao ver o velho cansado de pé no coletivo enquanto o jovem se esparrama sentado com seu fone de ouvido e olha a paisagem. Certamente me aguar

holy Deus

"Daí me deu um medo, mas Deus estava lá do meu lado" Eu fico pensando Deus solitário sabe? Com toda essa tristeza que o mundo carrega, com cada lágrima que compartilhamos com Ele. Que fardo! Imagine sentir todas a dores do universo, cada choro de mãe, a cada chuva pesada arrastando seus filhos ladeira abaixo, os soterrando, cada luta perdida... e não ter com quem contar, nem mesmo com a própria Criatura? Deus deve ser um cara triste. Mas fico pensando em Deus feliz também, sabe? Quando nasce criança, quando o dia é de festa. E o homem consegue ser grato por alguma coisa supérflua... Tipo seu carro, seu time vencer a copa... Ou ainda as coisas importantes: o nascimento! a demarcação de terra dos povos indígenas, ou a assinatura de um novo tratado da humanidade em prol do meio ambiente. A explosão de uma supernova. Nessa hora consigo imaginar Deus um cara alegre, leve, que em até educado, e imagino até o sorriso dele. Eu ficaria feliz se pudesse me deitar aos seus pés e compart

volátil - 05/03/2021

tua boca brilha sob a luz da tela e eu a observo triste. não me pertence mais, eu sinto.  se é que possuímos algo além de nossas memórias, e os nossos odores sobre as cobertas na cama.   a marca deixada pelo laço do ósculo na madrugada, nesta mesma sua boca sob a luz da tela, não se desfaz por completo mesmo que insista. pois inevitável, a troca de fluídos faz alarde de certo modo, e, ou ainda por favor, pondere  em algum tempo.  há de lembrar saudoso eu sei... ainda que para disfarçar o faça sob escárnio.  e eu serei apenas um nome riscado na sua timeline e um apelido degradante na mesma boca que observo triste sob a luz da maldita tela que te fascina.   como tantas outras bocas deixadas para trás, como tantas outras virão após a minha de certo. as mesmas bocas úmidas, riscadas por qualquer batom escarlate ou nada além da carne. outro nome qualquer na sua timeline a agitar com o mesmo destempero seu ninho cyber intocável. teremos então  outro nome riscado a virar passado, outro apelid

A Poética

voando no mar - Carla Salgueiro Cansada de monólogos,  prefiro a poética.  Ela não me limita, e s em liame  posso expor, nela   minha devassidão,  meus nós  e mesmo que  não me leve a nada, será  proveitosa a delicadeza.  há uma visão poética que discorre à minha boca  e vaga na minha alma. há sem dúvida poesia nesta história, que hora brilha hora se apaga. etéreo é o dispersar de minhas palavras. seja a poética minha dor, ou minha alegria... seja a poética, meu ritmo e seja então poesia. poética na agrura, eis um alicerce se posta em palavras vagas, não importa. componha sua suavidade e faça alarde. rosangela a.

nosso estranho amor

ele é estranho, mas como o amo, e já o amara antes, eu perdoo a estranheza dele. entenda... digo que já o amara pelo renovo do amor de quando o amor é fresquinho e se refaz em algumas ocasiões, e renasce novo, porém resistente. também me digo estranha, não me recomendaria... e ele perdoa minha estranheza sucessivas vezes.... por amor? por cansaço de me ver voltar e começar tudo de novo? estaria ele cansado? ele o sabe. ele o sabe, e sabe do vazio, e sabe da saudade que sente, sabe dos passos subindo a colina. não sei se já te falei isso que quero dizer aqui, o amor às vezes morre, e volta porque é amor, ele volta. não como um fantasma que assola, não como um zumbi sem alma, sim, como um reencarnar de histórias não resolvidas que se impregnam no quarto, na pele, ou quando nos damos as mãos, ou entrelaçamos os pés. a nossa estranheza se revela na ansiedade de capturar mundos diferentes, indizíveis. porém vos digo em parte: tem uma mulher estranhamente partida, um homem estranhamente part

materna

gesto um corpo, em meu corpo outrora parido. gesto a vida dentro de minha vida, que não cabe... mas logo que parido o feto, logo após, esquecerá de meu útero. caso não esqueça e queira voltar, o saberei triste. e se em mim não cabe tanta vida... imagine a tristeza de um ser parido. rosangela a.

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