deixem o sorriso dos inocentes




mesmo quando dor,

mesmo quando florir,

e florescer na memória

um fluir das lembranças.

deixemos as flores no lugar delas...

no gargalhar dos inocentes,

dentro de uns poemas,

sem arrancar sequer uma pétala.


deixem também, os espinhos

a cargo dos poetas

apenas a eles,

e só a eles cabem o despetalar

de uma rosa

e a língua percorrendo o caule.


deixemos aquele feixe de luz

que ilumina as bochechas,

o sombreado das covinhas,

o brilho no olhar marejado de alegria,

a joaninha percorrendo a delicadeza das mãos

sob os olhares curiosos,

ou a exuberância das pétalas.


deixem aos inocentes o cortejo que não arqueia as sobrancelhas.

deixem às flores o tempo determinado a elas.


que não nos esqueçamos dos sorrisos deles,

e o desabrochar delas.

que não modifiquemos nada,

no distorcer de nossos enganos.


rosangela a.

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