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Mostrando postagens de janeiro, 2021

meia luz

render-se a meia luz desta vela que se acende sem fronteiras a perceber que nada nos detém no velar desta volúpia a saborosa boca rubra de teu corpo oferenda aos delírios que os lírios lá fora pendem e nós dois a tremer a cada mordedura até  a nuca a boca quente pertencentes à lua que o sol inebria abrasados pela chama deste enlace... a noite geme inteira rosangela ataíde

Cybercafé

Sussurrar palavras aleatórias em páginas digitais... ninguém as ouve. A cursiva está abandonada no velho caderno de espiral... Quem as lê? Talvez no sepultar, alguém as busque para um epitáfio decente e breve - imagino - De que valem as ideias em tempos de ausência de sentidos, em que tudo evapora é líquido e inflamável? - cuidado com a bala perdida, - cuidado com as áreas de risco, - cuidado ao dizer adeus ao menino Seria a vida a nos escapar pelos dedos, ou a lançamos fora, fartos dessa humanidade, humanamente infeliz e adoecida? Apagam-se os rabiscos a lápis e o tinteiro está vazio. O livro impresso perde o cheiro e o tato, um pouco do delirar também. Mas isto é só uma teoria. - eu creio - Visto que estamos dispersos, somos ocupados virtuais... E deve ser só isso! Ou guardamos tudo nas estantes antes de queimarem os livros? O passado está guardado atrás do tempo gotejando sobre a mesa uma pintura surrealista. O futuro já é de dedilhar - apenas cliques - E até os pincéis estão secos

Qualquer Canto

Tive muitos dias de sorrir diante de palavras quentes. Tive muitas noites de chorar diante da aridez das vozes traiçoeiras. Mas só eu sei, dos dias de canto no auditório imaginário da minha sala... Mas só eu sei, dos dias de mar e dos megulhos em águas tranquilas. E se eu voasse agora teria o céu e as nuvens que qualquer vento sopra para longe ...Qualquer lugar incerto. E se eu cantasse neste instante, a música  pareceria melodia triste jogada num prado e minha voz é disfonica em descampados. Do passado que me atormenta só ouço ecos.  E digo adeus a tudo que me feriu a carne. Themis que sou, ou rainha de espadas...  O que é justo pago com justiça. Prefiro o mar com sua dança, Balé de ondas. Ancorar em um porto segura e serena. Quase sereia. Me faltam nadadeiras, escamas talvez. Um pouco de coragem também. Pérola?  No mar tudo é sonoro. E nem as aves escapam,  embora estejam sempre em partida. Praiana que sou, só topo o canto se tiver um horizonte azul, um risco cortando a Terra dividin

Na ponta de meu cigarro

a vida está me corroendo. não temo os dias sombrios com seus fascistas galopantes espreitando o meu caminho, nem me assusta a morte inevitável. é a vida que me corrompe e me aniquila, me atribula, me desnorteia. é a vida que me tira o chão e encurta minha estrada. enquanto pulo de um verso a outro. cada passo é o tempo que se encurta. os meus mortos seguem seus caminhos sem muito levarem de mim, mas deixam seus vestígios em minha pele, mente e história. e isto é que faz minha artéria endurecer. a vida eu vejo na ponta de meu cigarro... se esvaindo. e eu embruteço nesta desordem disfarçada de alegria e até acredito. a vida me corrói e dói o tanto que me fere o peito palpitante assustado. não, não é a morte que me dilacera. é a vida e os dias vermelhos cheios de ira. e uma gana me sobe pela garganta, mas temerosa... eu silencio. rosangela a. 

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