Na ponta de meu cigarro
a vida está me corroendo.
não temo os dias sombrios
com seus fascistas galopantes
espreitando o meu caminho,
nem me assusta a morte inevitável.
é a vida que me corrompe e me aniquila,
me atribula, me desnorteia.
é a vida que me tira o chão
e encurta minha estrada.
enquanto pulo de um verso a outro.
cada passo é o tempo que se encurta.
os meus mortos seguem seus caminhos
sem muito levarem de mim,
mas deixam seus vestígios
em minha pele, mente e história.
e isto é que faz minha artéria endurecer.
a vida eu vejo na ponta de meu cigarro...
se esvaindo.
e eu embruteço nesta desordem
disfarçada de alegria e até acredito.
a vida me corrói
e dói o tanto que me fere o peito
palpitante assustado.
não, não é a morte que me dilacera.
é a vida e os dias vermelhos
cheios de ira.
e uma gana me sobe pela garganta,
mas temerosa...
eu silencio.
rosangela a.
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