Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2024

movimento

aqui tudo é movimento bater a porta descer a colina cheia de medo pisando no escuro pois nada via - adeus pairar meus olhos sobre o mar dos teus respirar... ou mergulhar? - delírio mirar a garoupa com o arpão em mãos e disparar contra o alimento que me sacia - caça submarina primitiva - fome pairar meus olhos ao céu e girar o corpo que cai - vertigem enquanto o mundo gira... filmar as folhas das arvores que bailam ao vento deitada ao chão - descanso você arqueando o semblante enquanto lê o jornal na varanda o pássaro a beijar a única flor do jardim - pintura viva nada insano... até aqui é apenas a vida dançando conosco tracejo de nova rota 'novo rumo - partida volto a olhar para o Norte de asas abertas onde você é espera braços que se abrem - pouso - abrigo obrigada, Vida faz tempo que fiz as malas rosangela a. Do caderno: A vida me abriu um sorriso

me diga

me diga como é sentir o amor me diga como é sentir amor e negar-lhe a experiência? me diga como é sentir amor e não dizê-lo entre os lábios? me diga como é sentir amor e apenas contemplá-lo? parece espera... espera de que outro amor possa ser escolhido na estante como quem escolhe o livro a ser lido a julgar pela capa pela ilustração nele contida ou pela lombada um amor bonito de aparência e vazio de afeto bons livros tem capa dura escura pouco de floreio e desenho dentro e podem até ter poucas páginas como é condenar um amor ao nada pelo medo do que vem contido nele ou vê-lo como impossível pela preguiça dos dias ou por experiências mal vividas? - ah, eu já vivi isso antes, me poupo a novo fracasso quem faz isso já julgou o objeto de amor e perdeu a causa já está condenado pois nada deve ser pior do que esconder um afeto para obter um outro vazio apenas para provar ser o melhor e satisfazer egos indomáveis veja bem, creio que quem o faz não ama de verdade nem o livro bom nem o livro l

eu poderia chamar de justiça desencantada, mas vou chamar de "a integridade que me resta" - 02/02/21

eu poderia chamar de justiça desencantada, mas vou chamar de "a integridade que me resta" meu corpo dói meu peito arde minhas pernas vacilam e a cama me convida a levitar eu sinto muito eu sinto nada e sigo oscilando pelo ar que fique claro - memórias pela manhã não sei quem sou ...sou quase nada não se esforce em me trazer de volta eu retorno de Morfeu alguma hora por uma estrada de barro pela tarde me contento como um ser alquímico que transformou batatas e até solto gargalhadas a noite me pesa a alma estou consciente e tristeza dói não quero dormir não quero ficar acordada a morte assola pela janela a vida sorri pela porta tem um lago em frente a minha casa atrás uma avenida larga são como bandejas de opções e eu não quero nenhuma pois a luta é necessária em qualquer uma delas tenho uma balança em uma das mãos uma espada na outra mas meus olhos estão vendados - declarei guerra a Ares preciso nascer ser desvelada ainda que tarda ...nunca falho rosangela a.

Inculta, eu! - 22/12/22

Abre se a porta que pode te levar ao desespero, ou não, se você sabe quem é de verdade. Inculta, até que gosto de me ver assim, se não fosse o cinismo e o ego ferido por trás de tal afirmação, nem me afetaria. Essa porta é multi colorida e assume várias formas... Afinal como explicar, e será que devo? Acho que ser chamada de inculta num conceito eurocêntrico é até patético, afinal toda nossa cultura se permeia nessa base. Qualquer um de nós tem o potencial de sair por aí arrotando frases feitas de filósofos gregos e seus estudiosos, os mitos também, aliás garanto que qualquer criança tem potencial para tal feito. E aí entra outra questão, a questão da autenticidade. É autêntico ficar emaranhado nesses conceitos de percepção da vida? Por mais grandiosos que sejam, eu acredito que eles venham para nos levar a evoluir além deles próprios. Afinal, são bases, não leis de viver. E para falar de autenticidade podemos pensar em Lavoisier na famosa frase (e aqui me sinto num arrotinho bobo pela

A atemporalidade dos novos Lobos - 17/02/21

Um amigo disse, e pondero os pensamentos dos que tem 10 anos a mais que eu (digo supostamente)... "Vinho seco! Que de suave já basta a vida." Acho que não com as mesmas palavras. Visto aqui de baixo dos meus 46 anos ( ou debaixo se preferir ), a ficha caiu no meio de minha testa penetrando meu crânio gritando... Tá vendo só, ser arrogante? Quanta pretensão a minha julgar a vida, a dos meus e até a minha, a vida... Essa geleia! Quanta pretensão cada vez que abro a boca ou digito um teclado para rebater o pensamento alheio. Não falo de silenciar meus ideais, minha livre expressão, a base que constitui meu ser depende de como me manifesto diante da vida... mas de silenciar os conflitos externos, até porque os internos já são bem pesados. São duras as flechadas da vida quando começam a vir em riste ao nosso auto julgamento. 46 anos e não sei nada da vida, e provavelmente você também não sabe. Não sei exatamente quando comecei a me ocupar tanto da morte e somar perdas, e somar des

Livre

hoje alguém sobe a colina já são mais de duas mil vezes  alguém parece Sísifo mas hoje... alguém não tem nenhuma pedra  hoje alguém sobe a colina  com as mãos livres não busca a Paz que antes buscava mas não quer guerra o que faria Sísifo se acaso subisse a colina sem a Pedra? não chove,  nenhum fato astronômico de grande impacto  ...importante dizer rosangela a.

Hiperfoco

Dmitry Gorohovsky continuo a fazer poemas às quatro da manhã, até quando chove e teu rosto me vem, e parece inundar de uma cor improvável a meia luz de meu quarto e suas esquinas sombrias... os meus cantos, e minhas curvas de mistério. eu poderia dormir e sonhar, eu poderia sair à rua e esperar o sol nascer e apreciar o espetáculo da vida inciar em novo dia, com os pássaros e seus sons de pássaros, a cigarra gritando no meu ouvido -acorda! mas estou mergulhada em palavras que descodifiquem tua tez, teu endereço universal, você que não sei. acontece que não vou. acontece que não largo dessa luz de artifício. acontece que a noite é densa e não combina com o alvorecer e sua sonoridade. acontece que tem uma música ecoando no silêncio, e tem essa areia que escorre em fricção de corpos. é como tentar entender a aurora boreal e ser lançada no Espaço com teus segredos... tão belo e ausente de sentidos. arrisco uma escrita torta, que até parece fingida, mas que provoca antes de ser esquecida.

retorno ao nível do mar

as marés te puxam, te sugam e empuram e o profundo fica para trás como os pavores da infância inalcançaveis pego numa rede de intrigas uma traineira à deriva faz emergir um peixe dos grandes emergir é necessário ao peixe à vida e como um pêndulo preso pela nadadeira caudal ... é exposto o peixe mais uma vez que relutante se enrosca ao ponto de se virar se solta e volta ao conhecido velho mar de afagar temor de virar fatias cruas em barbas ásperas de sal, sol e maresia nadar, nadar, nadar... boiar, e ao fazê-lo alcançar estrelas suspensas no imenso céu oposto desbravar ondas ir de encontro a uma jubarte que o ama mas o lança fora nas areias ele tenta o retorno, mas a jubarte volta às profundezas por um tempo necessário há conchas em seu espiráculo pérolas perfeitas de ostras sofridas resíduos de lixo marinho na areia onde as ondas ferem as rochas o peixe expande o peito comprimido... grita! - "A distant ship's smoke on the horizon You are only coming through in waves Your lips

É amor Bel

Minha afilhada acaba de ser batizada por um gato do mato que ela cuida. É quase um casamento, estressante, doloroso, irritante, emocionante, instigante... Lágrimas estão rolando aqui enquanto ela quer que o gato morra, mas relativiza como vai fazer para tratá-lo de agora em diante. É um misto de ódio e amor... O gato se prostou na escada caracol e nos olha apertando os olhinhos demonstrando alto nível de afetividade, quase pede perdão, o faria se falasse a língua dos humanos. Eu choro, eu rio. Choro quando minha bebê chora, rio quando ela narra o ataque. Acho que ela ainda não sabia que o amor às vezes dói um pouquinho. rosangela a.

pequena ilha

j á te falei como as placas tectônicas se movem no mar? numa profundidade absurda são necessárias erupções e a constância delas formam artérias incandescentes subaquáticas entre as entranhas da Terra e o Oceano que ferve e resfria a pressão, o calor formam línguas, incandescentes a lamber tudo o que encontram à frente um desastre lindo um desafio de aniquilar tudo que ao encontro da superfície levado ao éter entre tempestades elétricas e ventanias abaixo das plumas de cinzas rochas se chocam, se brutalizam e se atritam indomáveis eis que as bocas beijam o céu, eclodem este é o estágio onde o sólido, líquido e gasoso tem um encontro marcado - uma triangulação insólita até a inatividade tudo é caótico vibra e treme os arredores, e o mar dança um tango com a Terra, num recuar, roçar e se lançar por conter carbono, fósforo e toda uma cadeia específica de elementos algo surge ilha cercada e a vida se espalha - eis o que há (...) e mesmo que continentes se criem eles só servem para nos delim

Belo

— que delicado é lidar com o coração do outro... e só agora me veio a flor particular que há em teu peito que qualquer movimento despetala. o que sente a flor quando tocada, em suas pétalas? que cheiro exala em seu olfato? qual gota de orvalho a umedece? e o que sentes... quando sentimos teus espinhos? o que sentes quando acarinhado? com quais quais matizes desabrocha o amor em ti? será que tatua a pele? ou, só ...risca suave sob a pena, o teu cansaço? me sinto tocando a Graça maior do Universo. descansa, Colibri! rosangela a.

Seguidores