as marés te puxam, te sugam e empuram
e o profundo fica para trás
como os pavores da infância
pego numa rede de intrigas
uma traineira à deriva faz emergir
um peixe dos grandes
emergir é necessário
ao peixe
à vida
e como um pêndulo
preso pela nadadeira caudal
... é exposto o peixe mais uma vez
que relutante se enrosca ao ponto
de se virar
se solta e volta ao conhecido velho mar de afagar
temor de virar fatias cruas
em barbas ásperas de sal, sol e maresia
nadar, nadar, nadar...
boiar, e ao fazê-lo
alcançar estrelas suspensas no imenso céu oposto
desbravar ondas
ir de encontro
a uma jubarte
que o ama
mas o lança fora
nas areias
ele tenta o retorno, mas a jubarte volta às profundezas
por um tempo necessário
há conchas em seu espiráculo
pérolas perfeitas de ostras sofridas
resíduos de lixo marinho
na areia onde as ondas ferem as rochas
o peixe expande o peito comprimido...
grita!
- "A distant ship's smoke on the horizon
You are only coming through in waves
Your lips move, but I can't hear what you're saying"
ainda há água e sal em meus pulmões
...ainda sou mar
pode encostar teus lábios ao meu agora
e me ajudar a respirar
rosa ataíde
prosa e imagem
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