─ não se desiste de amar um bom amor. respiro fundo antes de dizer essas linhas. não enquanto ele se agiganta e parece que de sua garganta saltará até a língua e os lábios. não se desiste de amar nem quando ele hiberna e fica escondido, quietinho e você se distancia por uma rua de pedras, cheia de receios... ─ isso é desânimo, eu diria. ─ bloquinho de notas entre os dedos fincados no casaco de moletom, para não esquecer. ─ anotações sobre atos de amor? ─ eu ia dizer, para aquecer também... mas é além. não se desiste de amar, e eu quase grito! isso me lembra ternura, desnudar, olhares rasantes que se atravessam, bocas aquecidas pelo bafejo de tão perto, o corpo inquieto que se aconchega, mais perto, mais perto. ─ pode ser quente. ー eu te garanto! talvez por isso uns chamam "encontro de chamas". ー não acredito nisso. por isso insisto, não se desiste de amar! almas perdidas que se encontram não se desistem. ─ e quando o amor não vem? ele pondera. disso que estou falando,