sigamos ou a loucura nossa de cada dia



na estrada...

- todos os viventes ou vividos sabem ou souberam , das curvas fechadas,

dos buracos,

a falta de sinalização,

a luz que falta

e o farol que do nada apaga 


em trechos de terra ou barro

- o atolamento

mas se por acaso houver enchente e a água passar da metade do aro

içar velas, sair pela janela

e neste instante alguns 

optam pelo mar

de tão teimosos,

poucos param no acostamento

e apreciam a paisagem, os raios riscando o céu,

acabam arrastados pela correnteza 

sem ter onde se agarrarem 


talvez os que optam em seguir por entre as águas 

busquem a salvação,

a redenção de uma ilha,

o estar só, despidos de olhares,

a catarse de nenhum caminho,

o desespero ,

o rugido do leão...


o amor!

o amor?

o próprio

estou falando de integridade 


nesse trecho

o ponto de chegada somos nós

o encontro marcado entre

o palpitar e o sistema límbico 

deve ser isso

este vazio,

essa margem do eu

um acidente

geográfico

talvez climático

o desviar da direção

se não for o pisar fundo no acelerador 

que pode te deixar em coma 

induzido

te afogar

não sei...


preciso de um café agora


... te matar, te deixar um vegetal

e talvez não me seja concedida a honra de saber através de teu olho e lábio quantas vezes você buscou o mergulho sem volta, quantas pisou fundo no acelerador, ou mesmo deixou o movimento em ponto morto mirando teu abismo


vou me fazer confessa:


tenho medo!


um medo enorme de atravessar passarelas

uma vez deixei um homem assutado,

coitado dele, 

grudei nele e acho que dava para ele sentir minha respiração em seu pescoço... apressou o passo, quase correu o coitado e ainda bem que não fez, pois correria com ele,

ainda bem que não era um tarado

ele deve ter pensado que eu era uma psicopata, uma ladra, uma tarada. 


espera que estou rindo,

isso é um fato


... grudei nele por medo, pois toda vez que atravesso uma passarela, fico me imaginando me jogando dela, entre os carros e os caminhões, em como seria, na contramão atrapalhar o público?

estar entre a Legião Estrangeira sabendo que "é o amor, sim, o tortuoso amor".

em como seria se fosse tomada por um espírito de loucura e sequer ter consciência de meu ato aniquilador e neste ponto eu perco o ar e meu cérebro fica carente de oxigênio... se acaso não tiver onde segurar entro em síncope. nada de pervertido no meu ato, eu busco é uma tábua de salvação, o salva-vidas, ainda que ele me dê um murro para me deixar inconsciente e não morrer comigo.


socorro!


ainda bem que em meu caminho há sempre, o logo semáforo, iluminando minha consciência sobre quando parar, quando ter cuidado e quando seguir

nesse ponto, até concedo a vez ao outro,

ou dou meu braço a um cego para que ele atravesse a avenida e siga seu caminho


ー sigamos?


Rosa Ataíde 

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