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Mostrando postagens de 2018

Testemunha ocular

Quando o vi pela primeira vez, o dia já era aurora e entoava no céu um mesclado de azul e laranja. Havia nele um aspecto soturno, brilhante.  Suas roupas - um casaco preto combinando com a noite fria, começava contrastar com o chapéu urbano preto e suas luvas de couro - a medida que  avançava o novo dia. E caminhava determinado até o Beco das Primaveras onde encontrou um sujeito tipo andarilho, sem camisa e gelado.  Embora não ouvisse suas vozes, eles brigavam e o sujeito andarilho estava aflito e gritava. Em frente ao ponto de encontro havia um monte de areia. Se não me engano cerca de um metro. Eu não havia percebido a pá, até que ele a pegou... E sem franzir a testa, ou contorcer os lábios... mas com muita determinação e força começou a golpear o andarilho em sua cabeça com a pá de obra. Observei atenta, ele cobrir o homem - agonizante - com a areia e a pá, com a qual atentou sobre a vida do pobre.  Assustada, corri! E hoje, este homem me segue, por este beco escuro. E o

lagartixa amputada

imagem da net sofro de amputação e ainda sangro mês a mês como fosse gerar civilizações (outras partes minhas) e não anseio outros partos o amputado volta ao barro no silêncio do túmulo mudo, mudo e eu grito SAUDADE! rosangela a.

qual?

qual é a pena? a pena a pena a pena que me delata a pena que me descreve a pena que me condena rosangela ataíde

infinito

  infinito...                               o infinito prova                               que ao desconhecido                               não se delimita           por isso           não me cabe           a morte e necessito                               de um céu                               que me -trague de uma eternidade que me engula rosangela ataíde My Love Letter - images - rouge

o que vale?

One summer day caminhas entre as vias de um existir tão distante do que anseia se desdobra por um mar que alcance os pés a areia e por onde pisa há margens de outros vai a mangues a lamaçais a entender... a vida vale a lama que borra a bainha e o sangue correndo nas veias rosangela a.

poesia noturna

hoje a poesia gritou comigo. fez um estardalhaço, soou como quando o ocaso escapole e tudo vira negrume, quando tudo pisca, sinaliza, se acende... lanternas afogadas penduradas no firmamento da noite. hoje a poesia bateu bateu na minha cara marcou minha pele e nem doeu rosangela ataíde

alívio

um desejo sufocado não se exauri cresce no pulsar do pensamento, invadindo e despedaçando o peito o contentamento do desejo mais secreto faz arder as veias no tormento e quando tudo aflora  a carne vibra em desfastio  e o desejo explode... um grito contido na alma a pele reflete o que se vai no pensamento pede alívio, porém incoerente  pede tormento! rosangela a.

m_ld_d_

penso esta palavra oculta a palavra inculta que se diz  substantiva surrada  tão gasta esta vândala que me cala ...indizível! penso na palavra  nua tão crua carne desvendada entre dentes salivares que me rasga a pele e me morde até sangrar  não, não eu... as gengivas daquele que me engole rosangela ataíde

guerre-ar

estou em sítio por este alarme sitiada no pulsar do sangue na veia pulsa o corpo do tanto querer ser possuído deixo exposto meu desejo; minhas pernas à deleite; a boca à roçar o lábio despudorado; - o seio arrepio - estou em sítio (e) sitiada por este cio rosangela a.

Calado

navego contra a maré quando te vejo a meia-nau. o coração náufrago dispara neste mar de vaidade... fuga de me ver dentro do mar de teus olhos. uma miragem. auto sabotagem? uma coragem extravagante? meu medo é o mar de teus olhos e eu  transbordo neles, embora você evite este Calado mesmo que me sinta ao Pontal da vida, pairando ao teu lado. eu navego nos teus olhos todos os dias, tendo a sensação que você me iça a alma contra o vento. sigo neste mastro... eu te sigo na tela mental desta ideia  platônica de me-a-mar rosangela ataíde

devora

a alma que todo corpo move numa uma luta erótica lasciva desigual onde saciado no seio o desejo ac/alma —  e eu te trago e te engulo e eu te alivio e te seduzo e eu te condeno ...a querer mais da vida que te envolve eu te condeno a gula rosangela ataíde

Cheiro

estou dedilhando palavras gretas úmidas, quentes e tesas que adentram e fogem deixando de resquício apenas o cheiro e eu queria muito mais de sua pele suor e tempero... rosangela ataide

fetiche

cuida em observar estas notas cuida ao me possuir  o cheiro que tem a minha pele cuida em revelar a cor por baixo de minha aura que omito, que se esconde  entre minhas verdades e se acaso ao me descobrir,  sentir-se afeiçoado pelo sabor de meus mistérios cuide em segredo baixinho ao pé do ouvido e, por favor, me confronte, me descabele, me abale, me deixe nua, entre um fio da navalha ou os gumes da faca que me degola. ao final sirva em taça de mais puro cristal, meu sangue, propósito e alma... aquilo que houver de mais especial aos seus olhos e língua cuida ao me sorver gole a gole ...e, me conclua. rosangela a.

usufruto

e quando me olha se doa tanto! ao melhor que de ti  posso ter. e me corrói  o extenso querer entre nós neste claustro. e de assombro te vejo e meu doo... a beleza de me dar por inteira, e te dói este anelo pelo espaço  que te falta o  ar. e nos vemos  entre as entregas que nos aflige por nos doarmos  a ponto de doer quando não mais  nos olhamos ...por estarmos  um no outro polidos. rosangela ataíde

BB

BB... eu penso em você todos os dias... no seu riso na sua companhia na falta que faz você aqui BB... os dias se alongam e é sempre mais do mais no outro dia porque BB... a saudade não cessa quando não vem e não chega quando seu cheiro não invade a casa e o seu brilho não se acende mais aqui, mas distante, sim - eu acredito! BB... resta esta melancolia que trago como cigarro mais não se esvai como a fumaça nem vira cinza é um engasgo que preciso viver porque se vivo me fortaleço para o outro dia quando nossos brilhos se cruzarem no espaço através dessa luz que de você irradia mamãe

Segure-se

Breno 3 dias de nascido Segure-se a um cardeal para que não se desoriente, entre as palavras que sussurrarei à você. Agarre-se a este fio, onde pousa sua esperança e se comporta a existir. Sem medo. Há labaredas entre nós. Labaredas ardentes e elas nos afastarão por determinado tempo. Mas hoje segure-se. É hora... Sabemos. De ceder os planos que pensávamos um dia ter às mãos. Segure-se, por favor, a um cometa próximo, porque quero te levar ao céu. Em segurança, te trazer de volta, para onde deves permanecer. Uns dias você segurou minhas mãos (eu lembro) e elas ainda eram pequenas, menores que a sua. E com toda coragem deste mundo me ensinou a caminhar a passos curtos. Uns dias você me banhou e levou a escola, por um caminho verdejante onde apertava minha mão em segurança. ...Quando lia minha caderneta e assinava materna e responsável, eras minha rainha. Quando servia meu prato favorito, era a melhor mãe do mundo. Lembra do choro do menino do part

burca das futilidades

"E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti." Friedrich Nietzsche ha/variados ha/veres da falta do que fazer onde escondes a humildade de sua humanidade dádiva? prenhe da vaidade ou do desmazelo e do necessário parir... há mulheres que não ousam viver acostumadas a burca das futilidades em que se escondem por trás de  cílios e unhas, (ambos postiços) o semblante arqueado  parecendo altivo... do cabelo frisado... do lábio ferido! E não querem ver a dor que sente por acreditar na inocência ou por desejá-la mais que tudo mesmo que lhes custe o viver rosangela a.

Ressaca - mar

umidade no ar relativa vento frio quase cortante cidade lacerada  na calçada  o mar que invade as ruas choram e sangram o que era concreto  feito a ferro está distorcido sabe-se da vida poupada de muitas  perdidas sabe-se que a natureza ébria reclama o espaço o cansaço o traço Rosangela Ataíde

Ôh punk!

sepultado o rebento naquele inverno que ainda insiste minha alma fria chorar o rebento já se sabe morto e eu sei e insisto minhas dores, pesar... —  cabe a saudade na eternidade? o rebento nada responde está ocupado, foi apresentar a Deus um plano anarquista para humanidade salvar Deus em brado ri satisfeito e pensa... "Isso é bom! Vinde a mim os pequeninos pois deles é o reino. minha promessa é grande! mas causa pode esperar." poesia revisada rosangela a

1 minuto de silêncio

1 minuto bastaria - talvez - para uma vida inteira de caos ...mas silencio a alma por longos dias e nada faz que eu consiga o grito que sempre me causara paz estancar a voz por este silêncio quando vocifero dor e busco a palavra que caiba neste poema? a mesma palavra parca não me serve mais. então não há poema. ou, nunca houve. mas há este silêncio oco que você causou agora... basta! nem quando abro o olho manhã, tardinha ou noite quero ouvir esta dor rasgando e dar asas a vida que ainda tenho. eu quero o silêncio cinza todo ele que restou. mamãe

e se eu falar de amor?

e se eu falar de amor? — usarei nuances retalhadas e pronunciadas intensões. catarses cultivadas  por vividas e encenadas abstrações, deste - nada - que sou eu, que em nada... devota este amor. rosangela ataíde

Luís Carlos

Marieta foi pensando em você Luís Carlos que apaguei meu cigarro silenciei a vida ao sumo ando vivendo o resumo foi pensando em você Luís Carlos que tudo perdeu o prazo tudo ficou vencido com cheiro apodrecido é pensando em você Luís Carlos que meu coração fica apertado e eu quero mais desta vida para um dia viver ao seu lado ainda penso em você Luís Carlos e preservo a mentira deste amor iludido diluído pelo tempo e pelo descaso rosangela ataíde

à margem do querer

balbuciei algum poema sem rima (nem lira) balbuciei alguns fonemas de diferenças mínimas segregava a tarde que o sol ardia enquanto minha pele o calor retinha (calafrios e alvoroço) minha boca sussurrava aquilo que a vida não entendia... é que temia o falar aberto e a voz entalava no peito negava o efeito quente do sol que minha pele pedia balbuciei o imperfeito o cruel o frio e não contemplei a tempo o melhor que minha boca continha você saiu naquela tarde  e minhas pernas tremiam  rosangela ataíde

intro / verso

se disserem que eu não soube te amar na ausência... se disserem que soube de verdade. lamento a falta de não deixar límpido o que há em mim. intro /  verso é que diz o sentimento mais profundo. o riso plástico na face cicatrizes lineares servem de farsa. escondo introvertida a lágrima que verto cada palavra que flui d'alma rosangela ataíde

bordado

bordado - rosangela ataíde a borda do corpo fica bordado várias marcas; suave batom, sal, saliva, sangue, ciclo, cicatrizes, ...amargos e doces da vida, luta, luto, lida. (às vezes tinta na tela da pele arte) vestígios de um corpo mergulhado à margem. a bordo do copo... aos dentes, aos goles, ao toque dos pelos o encontro de outros poros. o corpo é dança. nada mais é que um bordado, ou uma  renda em movimentos delicados rosangela ataíde

florir

floresces Rosa entre os florais desta florália tropical a qual pertence até o tempo em que não mais a ti pertencer este florir ou o parir das sementes que semeia ao solo que confia cegamente o germinar de sua essência  exalar rosangela ataíde

olá terráqueos

caminho num espiral de palavras ditas atrás das frestas tento encontrar o som e a saída nesse paralelo sem eco pois o som não se propaga no espaço não adianta gritar quando a sonoridade é abafada e dói quando as palavras são tatuadas no peito não é por caridade, amizade ou medo... é que o espiral se expande a cada movimento  minha espiral sem som é ornamentada de mentiras  onde me perco entre estrelas magnéticas estou perdida no espaço, estou jogada no vácuo ...mas vejo ao longe um buraco negro  de infinitas possibilidades rosangela a.

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