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Mostrando postagens de 2022

por: dia molhado

queria apenas um pulo deixar de ser lixo lama e tão drama Adriana me responde? porque se eu puder salvar os lixos espalhados doaria de mim o que não é lixo nem lama só que hoje chove o dia é cinza e não me resta muito o que fazer a não ser ficar aqui deitada recolhida enrugando - debruçada - e só levantar para o xixi quando estiver estourando pois não tenho o pulo para Adriana Godoy por  dia molhado rosangela ataíde  morri ontem mais uma vez e minha alma perambula por essas ruas de lama e chuva a cidade chove demais e não para o rio arrudas transborda e joga o lixo nas calçadas sou o que resta de mim e não é bonito o que tenho agora ou terei depois não posso pular ou salvar as pessoas debruçadas ali as luzes de natal são molhadas e frias as capas e os guarda-chuvas  respingam incomodam vejo o que não queria ver mas tem uma flor que boia no rio o mar está longe estou  parada na chuva e olho o rio de lama invadindo a cidad

Felicidade

Acabei de ver uma cena que me tirou o chão. Fiquei absorta com um riso de mofa no canto da boca, olhos lacrimejando. Quase entrei em pânico, e correndo para dentro de casa. É que aqui, de frente para minha casa, um pescador alimentava gaivotas. Descaradamente, com toda aquela bondade ele lançava ao ar peixes, e elas entendiam o comando e com uma mira certeira, elas os pegavam. Ao ar, ao ar mesmo, no céu aves se alimentavam. Alimentando toda aquela cena humilhante, a lagoa luzia serena debaixo do sol de inverno, o som que se ouvia era das mesmas gaivotas agitadas pela facilidade do alimento gratuito. Peguei correndo o celular e procurei no Google uma definição que me orientasse sobre aqueles sintomas... "Sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação." Felicidade: Condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente. rosa ataíde

incontáveis tons de cinza

foi em um sábado cinza, que senti pela última vez teu cheiro. você se vestiu de preto com uma camisa jeans por cima. foi a praia. cabreira... sem que você percebesse,  coloquei no bolso da camisa o número do telefone. ele virou cinzas, você virou cinzas! meus olhos também ficaram cobertos por uma neblina cinza... meus cabelos, eu inteira fiquei cinza. olho nos olhos das pessoas, fica fácil observá-las na página ao lado entre amigos, seguidores, pedidos de amizade e até sugestões por sermos, iguais - semelhantes, um pouco mais compatíveis. elas estão enfileiradas em perfis sorridentes e me apavoro com os que nada dizem, só replicam memes, tuítes e me pergunto... será esta uma alma cinza? que de de tão cinza, não consegue expressar qual brasa ardente a deixou cinza? embora os olhos denunciem alguma chama - os olhos sempre denunciam. será que são elas mais cinza que eu? mais que você naquela tarde de sábado? alguém disse que é impossível se por no lugar do outro... fiquei extremamente tri

Faz silêncio

Pouco antes os pássaros em revoada partiram para lugares mais quentes. As formigas desapareceram da pia, do quintal. As abelhas não vieram me acompanhar no café da manhã. Faz silêncio Um silêncio meio oco, de estremecer o corpo inteiro, aquele de metas alcançadas, de escola vazia após as 18hrs, sono sem sonho. Faz silêncio e o espaço se amplia. Sabe quando a água acaba e falta luz no bairro à meia noite? Quando zera suas espectativas do que virá do outro? De você? Calem-se as ofensas! Faz silêncio... Eu peço. Não há doentes aqui, ninguém respira por aparelhos. É só um favor! Faz silêncio minha mente povoada. Calem-se monstros, calem-se santos... Calem-se quereres, dissabores. Faz silêncio coração, ameniza teus batimentos. Estou ouvindo teu estrondo palpitante como caixa d'água vazia quando liga a bomba. Faz silêncio Preciso sentir este nada que sou,  este vazio sem fim. O intervalo entre minha inspiração e o expirar. Assim como um broto traz à tona o que chamamos vida, apenas com u

Terra de Pindorama

A terra do barro vermelho, dos pés descalços na lama. Vermelho do urucum na pele indígena que agradece a boa colheita, a pesca farta, a saúde do povo. Das telhas forjadas nas coxas do povo cativo, do negro drama que sangra nos bueiros, nas esquinas. Da moça de olhos pretos parecendo jabuticabas... Subindo a trilha fujindo pela mata. A terra da Pindoba e suas variadas palmeiras. A terra de bandeira verde, amarelo, azul e branco. Mas que devia ser vermelha. rosa ataíde

Maria

me dê um pouco de tua boa fé? estou de joelhos, mãos suplicantes, silenciosa como um monge. me ocorreu que talvez você pudesse me ajudar já que para ser santa e suportar teu filho na cruz, em algum momento você precisou ter muito dessa fé que move coisas. é que sou. e ser me exige tanto que preciso crer em algo transformador que me ajude a prosseguir sendo. sinto que me falta o chão, estou em queda, como uma folha desprendida. te pouparia o peso do meu corpo clemente de fé se tivesse o mínimo dela. não quero espera/nças esperança me remete a uma espera ansiosa das coisas e ansiedade já possuo aos montes. numa primavera de 74 alguém me trouxe aqui, houve um milagre e nasci, e eu respirei, e chorei sem entender o ar nos pulmões. é que até então eu era aquática, o som que ouvia se limitava ao meu coração coração, o coração e a voz materna ao fundo. emergi por conta do milagre, da força de minha mãe, de minha necessidade de existir... rompi as paredes de seu útero, envolta em placenta. acr

Povo em Cárcere

  Quem mandou matar o índio?  Quem mandou matar a feminista?  Quem mandou matar o gringo? O indigente? Quem mandou matar? De fome, de sede, de doença, de assassínio? À queima roupa, bala perdida, tiro de misericórdia no meio da nuca, falta de oxigênio na viatura, calibre 40 na chacina, intramuscular de cloroquina... Quem alinhou a mira? Quem puxou o gatilho Na urna eletrônica apertou, confirma? Quem foi que mandou te matar? Quem foi que mandou matar a gente? rosa a.

espaço caiado para poetas

espaço caiado para poetas artistas dos mais variados tipos... os ditos loucos, os de boca maldita. bêbados, marginais, excluídos? aos que dizem o que pensam quando o que se pensa é imenso, e diz-se mais que uma parede caiada comporta. e escorre, em filetes de cal, color jet, acrílicos, cartazes entre os vãos... rasuras, letras, rabiscos, lágrimas, sangue, instinto. quando o artista grita em muros, em paredes, outdoors e megafones... é que muito do que foi dito, foi negado ao ouvido. ouve só o que te digo! rasga-se o verbo nas rachaduras do tempo em via pública, na parede caiada do cabaré antigo está escrito... talvez um alerta aos prostitutos que nos negam a cultura, a arte e os livros... meus Deus!  onde estão os livros? rosa a. Foto: Moema Branquinho

entalado

  amar é cuidar, é ter zelo. amar é se deixar afetar pelo objeto de amor, por isso, amar é ter afeto! tudo clichê, e para ficar mais clichê não podemos esquecer aquela pergunta excelente... já se amou hoje? fácil é divagar sobre amor em palavras, poetas figirão que não, mas é fácil. difícil é o olho no olho, tête-à-tête, o cheiro, o pulsar, o respirar. mas as dificuldades do amor não se dá só no campo dos amantes, se dá também na nossa própria existencia. quantas vezes respirar é difícil? quantas vezes existir é insuportável? quantas vezes nosso corpo e mente estão cansados? quantas vezes não podemos anestesiar? confesso que ando carente de amor próprio. uma vez assistindo um pastor evangélico pregando sobre depressão, ele  narrava um encontro com um médico que frequenta sua igreja e fiquei empacada nesse relato. foi mais ou menos assim a conversa: - Estou cansado, fui dormir às 4 da manhã pastor. - Mas o que aconteceu meu filho, para vc ir dormir às 4 da manhã? - Eu estava fechando o

A redenção da vida é a vida

Criamos formas contraditórias de viver, não é mesmo? Muitas vezes como uma forma de fugir daquilo que almejamos de fato ser. Como uma mea culpa para não nos responsabilizamos por nossas falhas que são tão certas quanto nossos êxitos. Como quando temos um determinado potencial, mas por algum motivo ou vários, não nos julgamos capazes de termos maestria ao realizá-lo. Nos julgamos muitas vezes medíocres (mas todos em certo grau somos). Nossa família, amigos, a sociedade, a política pode nos talhar a viver no banal, ou ao avesso dos nossos sonhos, ou pior que isso, pode acontecer de você simplesmente realizar alguns de teus sonhos, ou até o maior deles e no instinto de autossabotagem, destruir aquilo que se obteve e com isso o que há de essencial em nós. Propósitos! Então, começamos a viver no instinto de redenção, simplesmente para se perdoar pelo que não se viveu. É como buscar no externo uma tábua de salvação por não nos perdoarmos por nosso sonho abandonado, pois o vemos como um gigan

poema

comece o poema deixe escorrer a letra formate engome engula vomite costure, arremate mate a fome sacie a gula cada letra - dite peça um poema à lá carte um poema guardanapo no estilo Carpi trace a linha imaginária escreva algo digno ou que seja cretinice mesmo que se contradiga e ainda cause espanto fotografe o poema prato grave em xícaras e venda em algum magazine o poema livro que se chame pelo nome eu me chamo... eu em chamas eu me vendo ... o poema capital eu me mato! e o poema? vou escrever minicontos. rosa a.

João e Maria

  podemos correr o risco! a claridade do sol abrindo trilha entre os espigões da cidade queimando as retinas, mostrando o caminho de nos aventurarmos rumo a uma estrada nus, num carro conversível. podemos correr o risco! traçar a faca nos punhos, pacto de sangue - meninos. traços finos de tatuagens toscas coloridas que se complementam entre um corpo e outro, o meu ao teu. abrir sulcos entre palavras usando asteriscos. eu me prometo... você se promete... deixar nossos vestígios por aí... restos de fogueiras, sêmen, pelos pubianos em colchonetes de acampamentos... sabonetes? correremos o risco, o traço, a linha, o rastro que nos ata e desata o mundo inteiro de nós... universos! veja bem... começaremos meio punks, um pouco rajneeshs, hippies quem sabe? até nos tornamos xamanistas numa selva onde ao invés de bruxas deusas nos serviriam seus chás doces delírios. e girassóis, apenas os girassóis seriam nossas bússolas rumo de volta à luz. e quando a noite chegar a lua tornará prateada nossas

da vaidade

os grous cortam o canal pela margem bailando como fazem as bailarinas. quando o eremita parte abastado de sua imersão os grous o abandonam, cortejando as gruas. eu nunca vi um grou, eu não sei ser grou, acredito que em minha evolução eu nunca tenha sido um grou, mas posso ter sido e esqueci. eu não vou dizer que queria ser um grou. por que o quereria? mesmo com suas penas urucum, brancas e cinzas, a sapatear delicadamente às margens do rio, os grous e suas gruas são só a vaidade do rio, não minhas. ah o rio... o mesmo rio navegante a um mar caldaloso que o afogará, se agarra as margens para se salvar do mergulho sem fim? peixes contra marés, aves esgueirando, raízes. tudo parece meio rede, meio remo. no fim, o grou vence o canal, e é um engano achar que o rio perde a corrida, ele vence e torna grandiosa sua margem quando se torna o oceano. um transcender da vida, afinal ele não retorna ao ponto de partida. o grou, a margem, o eremita e até os remos das canoas pesqueiras somente, e tão

s a b o t a g e m

eu faço melhor! é o que sempre penso, sussurro e talvez diga entre os dentes ...e não faço. talvez até faça algo com alguma relevância, mas esqueço que faço, nem percebo ou não dou importância, valor, respeito. faço o melhor poema e não recito; o melhor café com leite e creme e não bebo; o melhor livro, conto, prosa e não publico; o melhor bolo trufado de chocolate, mas temo o diabetes - nem provo. é como plantar uma árvore e mudar antes que ela dê frutos. é como fazer o melhor sexo e não gozar. "você sempre pode fazer melhor... é só amar aquilo que faz e no amor não cabe amargura", eu diria se fosse de autoajuda, mas trilhei o caminho da desconstrução. você faz melhor quando está presente naquilo que faz e ponto. quer saber? ...outra hora eu faço. rosa a.

estamos sós

estamos sós! perdidos no vazio e não adianta gritar. o amor se foi às 1:20 da manhã deste domingo. ...se alguém ama, conserva teu amor quentinho. vi o amor se esvair como os 3 últimos cigarros de um maço vazio, saiu pela porta no desbotar do lençol preto, 100% algodão que desbotou nas tentativas de deixá-lo limpo do excesso de uso. agora, sozinha me pergunto onde vamos amparar nossos corpos? onde pousaremos nossas línguas após as novidades do dia? o que será da gente? o que será das crianças quando o amor partir de malas cheias? e desde já eu peço perdão a elas... – perdoem!? eu não consegui seguralá-lo, não tive condições de mantê-lo, eu tentei recria-lo, mas é I M P O S S Í V E L amor sozinho! reconheço meu erro... ele partiu exatamente quando deixei de crer nele e o imaginei eterno, capaz de suportar os revezes da vida, mas o amor é delicado, necessita cuidado. o amor necessita, pede credibilidade e talvez não tenhamos nenhuma. lamento o mundo sem amor, a ausência de mãos sobreposta

O Conto do Esquecimento

Acordei, sem saber que estava acordando para um pesadelo... Logo alcancei as pantufas que Amália havia deixado cuidadosamente aos pés da cama. Notei que só calçava um pé de meia. Não me esforcei em procurar entre os lençóis a meia faltante. Sobressaltado pensava já ter amanhecido, mas ainda era madrugada escura, busquei o relógio no criado mudo e constatei que eram apenas 4 da manhã. Beijei emotivo a foto de minha amada e saudosa Cláudia. Não orei, há muito perdera o costume. Certamente perdera também a fé. Enfim o dia começara para mim, não dormiria mais. Já no banheiro preparei meu banho, meu barbear. Como sempre fizera durante toda minha vida adulta.  Amália costumava chegar pontualmente às 8 da manhã. Haveria tempo então para o café e minha leitura matinal. O jornal já devia estar na portaria a minha espera. E digo a minha espera pois era o mundo que me restara além de Amália e seus cuidados. Amália é aquilo que chamamos de acompanhante, mas é uma mulher indecifrável aos meus olhos

Inside

estou atenta ao meu corpo cada curva um fascínio e alucino meu coração palpita a 80bpm minha respiração flui suave quando  ...me sacio tem um misto de re/pulsa tem um tanto de a-dor-ação e ao tocá-lo  docemente me perdi debaixo de minhas unhas:  delicadas peles soltas  que mordisco em horas de agonia, carne que sangra, resíduos de tudo que toco e um cheiro agridoce  que invadiu minhas narinas  logo após ...tocar o emaranhado de meus cabelos que está em confluência com minha nuca colo, seio e se estende à minha dorsal estou atenta até onde os fios correm, me distraí em meu mamilo esquerdo por alguns minutos, acabei quebrando meu dente ao morder o lençol na tentativa de abafar meu gemido que ecoaria  e embora baixinho acordaria os lobos uivantes do quintal foi como uma inocente que descobri meus dedos eles são longos e delicados suas pontas róseas  quase transparentes contra a luz eles se umedecem  e se aquecem quando com algum afeto toco  ...meu sexo estou atordoada,  pois aquém da carn

a mulher que não sou

a mulher que não sou saboreia o cardápio com garfo, faca e às vezes hashi. segura entre os dedos guardanapos de linho, se delícia em creme de papaia com licor de cassis, vomita no banheiro tudo que ainda não digeriu, bebe Frangelico às 20hrs e enfim levita. a mulher que não sou está farta sobre um salto 15, e dialoga com outros seres fartos em restaurantes com variados perfumes, sem cheiro algum de comida, um desperdício! lagostas, camarões, polvos perfumados a Dior ou Chanel n°5. enquanto disfarça a azeitona no canto da boca antes de descarta-la com a mão esquerda cobrindo o buço, a mulher que não sou, sorri educadamente sem alegria alguma. puro glamour! a mulher que não sou se sente tão suja que se banha em espuma após esfoliar a pele com sal do Mar Morto e se deita em lençóis brancos de 300 fios, num quarto branco, de cortinas brancas, asséptico de tão branco, com temperatura controlada abaixo de 18° complementando a decor que a deixa ainda mais pálida. a mulher que não sou leva uma

Mercúrio em Gêmeos

minha mente está em looping enquanto tento entender o entorno do brilho das luzes ofuscantes sem sucesso ...desisto! o que está oculto deve ser descortinando? tem dias que a vaidade é tamanha que dispenso a sensatez. tem dias miúdos que nem abro as vistas. assim, vou explicar... tem dias que quero comer o mundo, tem dias que ele é meu umbigo, tem dias que vomito até o bilis, tem dias que esqueço e queimo a comida. como posso alcançar o que está ofuscado por estrelas se me distraio e  me distrair me cansa?  ***** meu corpo é minha salvação. a alma já está salva, pois todos estamos salvos se salvação é um dia estarmos longe das maldades do mundo. isso se dá na morte do corpo e este é maculado já no primeiro pulsar da respiração. precisamos da vida, esta âncora que quando içada nos levará a redenção dos impropérios que cometemos e aos quais somos acometidos para que Deus não esteja só ou definitivamente morto. estou atenta ao meu corpo, pois o desconheço diante das transformações da matér

a coisa It

havia o medo, e era um medo danado,e  o medo era a coisa it, daquelas de pensar sem saber o que se pensa e ainda assim gritar: - estou morrendo!  - socorro! e eu me agarrava ao medo, ele era tudo que eu tinha. o medo era um anjo macabro, vestia máscara de palhaço, com um riso de cabo a rabo me iludia. eu me via meio esquiso/doida... alucinada.  ao invés de asas , ou mesmo de uma foice, trazia uma pistola de água que deixava alerta à qualquer perigo iminente. a morte à espreita, qualquer respingo gelado no rosto, ele zombava de mim o tempo todo, e a coisa primeira em mim, foi-se esvaindo, despersonificando. o movimento do corpo, um zumbido no ouvido direito, uma tontura, um enjôo. o coração acelerado, o estranho no portão, o assalto, o disparo!  a loucura era tamanha que uma vez senti um tiro dilacerar minha nuca antes mesmo de escutar o disparo que a cerca de 2 km de distância acertou um bandido... presentir e sentir é caso grave. o ar do mundo era todo vaporizado, sugado, contrito no

Kiev em fuga

Não quero falar sobre a Ucrânia Não, não quero! Não me venha falar disso Não quero contabilizar seus mortos Não quero as sirenes de seu medo, zunindo no meu ouvido Eu não quero ouvir! Eu não quero sentir minha coluna se arrepiar por tempo tão sombrio Meus olhos que sequem ouvindo Caetano pela manhã...  "Eu vi um menino correndo... Eu vi o tempo" Não quero sequer imaginar Os gritos de socorro das mães em estado de choque. Não, eu não quero  eu só quero a Paz E agora Lembrei de Clarice em um Sopro de Vida Não sei ter Paz! rosangela a.

tocar...

acertar a rota, a chegada. ajustar o ponteiro, o momento do estrondo, a algazarra. brincar feito criança lambuzada, abraçar na hora exata. rir de tudo, chorar por quase nada. tocar a vida, tocar, tocar com palavras. temperar a vida de sins, entender o porquê dos nãos e que as negativas nem sempre são regras estabelecidas /padrões. suavizar ao ponto de ser quase nada. um zerar de espectativas, uma promessa de fé. e crer absurdamente naquele sorriso mesmo que perdure uma eternidade, mesmo que se desfaça um segundo depois. chegar para ficar, fincar a bandeira, mas estar atento as despedidas. deixar as malas prontas! ...pois nunca se sabe se ficamos ou se vamos. e seja o que for, aproveite a estadia. rosangela a.

comece a gritar

palavras mostram a extensão do sentir e pensar

O medo que dá

reflito o cotidiano insano oferecido a lá carte. do medo que bate a porta de nossas sensações quase afetando a derme. a não aceitação de ser miúda, me torna imensa enquanto submersa no pavor diante das negativas de viver. o que eu temo de real? seria a humildade que me apequena, o baixar as vistas ao que não compreendo, o abalo sísmico no meu corpo quando alterado meu estado de coinsciência eu tremo, eu arrepio, eu desmaio? a voz baixa quando quero liberar o grito! eu temo o efeito, sabe? o bater asas da borboleta. o carteado desmoronando. eu temo o incerto, tudo aquilo que não vejo e não é palpável. porque o que compreendo eu encaro de peito aberto. já que minha teimosia é minha vilã e por vezes minha amiga... muito maior que minha pequenez diante do medo. rosangela a.
  o mundo é doce e cruel  na mesma proporção que cabe nas duas mãos espreitando as certezas que não existem essas mãos tateiam ilusões só me dei conta que ando num mundo de incertezas ao me deparar com as fugas os crimes, o desamor, a solidão a morte... essas avarezas tristes de estar encarnada de certo que as coisas mais certas se dissiparão o amor a permanência a retidão a felicidade a vida em si ando no mundo que tento paralisar enquanto este corre a velocidade da luz para onde não se sabe nem ele me agarro a este momento amanhã a outro mais fugaz marco o tempo em minhas mãos como se estas fossem uma ampulheta que sempre finda nelas ainda tento  como numa balança conter os efeitos das incertezas equilibrando o peso  do que na verdade é vazio... ilusório estou estática, deveria correr com o mundo e de certa forma corro me agarrando ao nada  que penso ser permanente pois estou quase feliz ...quase   a felicidades cega a gente    a tristeza abre as vistas o mundo gira e se movimenta no

Obsessiva

às vezes é só um olhar perdido em delírio. um olhar aflitivo, cílios necessitando rímel a prova d'água. mas já não acredito nesse desaguar de tanto que ele insiste. às vezes a cama chama para um repouso em lençóis brancos... — 200 fios de convite! acomodar-se a nada... só um corpo nú sobre uma cama branca, uma cicatriz aberta em lugar límpido. nenhum lugar quente, nem frio, nem sonho, nem pesadelo em meio a uma tarde de sol. melhor seria sentir a areia fricionando na pele estática, fria e úmida. melhor seria nada sentir e ligar o phod@-se, mas eu não consigo. — será que sentimos a decomposição? algum odor fétido de nossa carne? talvez isso seja triste, talvez seja razoável, talvez, sei lá... algo impensável, imperdoável? não sei, mas isso não sai de minha cabeça. rosangela a. Imagem: Michael Magin

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