entalado
amar é cuidar, é ter zelo.
amar é se deixar afetar pelo objeto de amor, por isso, amar é ter afeto!
tudo clichê, e para ficar mais clichê não podemos esquecer aquela pergunta excelente... já se amou hoje?
fácil é divagar sobre amor em palavras, poetas figirão que não, mas é fácil. difícil é o olho no olho, tête-à-tête, o cheiro, o pulsar, o respirar.
mas as dificuldades do amor não se dá só no campo dos amantes, se dá também na nossa própria existencia. quantas vezes respirar é difícil? quantas vezes existir é insuportável? quantas vezes nosso corpo e mente estão cansados? quantas vezes não podemos anestesiar?
confesso que ando carente de amor próprio.
uma vez assistindo um pastor evangélico pregando sobre depressão, ele narrava um encontro com um médico que frequenta sua igreja e fiquei empacada nesse relato. foi mais ou menos assim a conversa:
- Estou cansado, fui dormir às 4 da manhã pastor.
- Mas o que aconteceu meu filho, para vc ir dormir às 4 da manhã?
- Eu estava fechando o diagnóstico de uma paciente e acabei descobrindo que só há no mundo 5 casos da doença dela, minha paciente é o sexto caso.
daí o pastor dispara... isso é amor! enquanto aquela mulher dormia, alguém estava a amando, zelando por ela. buscando uma causa, buscando entender o que se passava naquele corpo certamente em repouso naquele momento, para saber como tratar e dar conforto aquele ser.
e divagou sobre o amor de Deus ser exatamente dessa forma. que enquanto estamos em meio a tempestade ele opera para nos ajudar a sair de situações conflitantes.
daí fiquei pensando sobre isso de amar. ás vezes a gente ama e nem sabe, às vezes acreditamos que amamos e não tem nada ali de expressividade amorosa. muito pelo contrário, às vezes só há farpas, ervas daninhas e abandono e aqui eu digo... o abandono é tanta falta de amor que até mata e mata aos poucos.
estou com esse lance de afeto entalado na garganta sabe?
mas não estou falando do outro, a gente sempre tem alguém que zele por nós, estou falando desse amor que a gente se nega a dar a nós mesmo. por isso sofremos tanto e tantas vezes, e tantas vezes pela mesma causa. quantas escolhas fazemos só por vaidade, sem um pingo de amor próprio?
no fim a maior vítima de nosso desafeto, somos nós mesmos.
rosa a.
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