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Perdição

 



lá,

onde se ouvia os troncos das árvores roçarem uns nos outros,

onde as folhas dançavam com o vento

e o sol ardia sobre a pele,

meu eu, minhas células...

e já não sei se era,

pois ser só eu,

não nos dava a chance de sermos o que éramos, 

nós, um elo, um liame, 

um enquanto coletivo.


lá,

onde tudo era possível!

amor, afeto, cura

ou ainda esquecimento, 

adeus...

pois tudo acaba.


lá,

jardim e toca 

para onde correm os maus após seus atos de covardia...

é que me sinto tão má também, por isso.

é que quando me escondo

e pairo na realidade que crio,

na fuga dos dias ruins,

que me exigem mais que meu tempo,

exigem minha atenção

quando quero me desorientar no meu canto. me sinto egoísta... má.


lá,

onde podia sentir o cheiro, o toque, 

do amor sobre minha pele,

fazendo vibrar meu corpo inteiro

...amar é tão covarde!

te consome

e te consola,

te abraça, te lambe a nuca e crava as unhas nas tuas ancas enquanto te phode por trás.


alguém me disse,

não ame que amor é tortura, 


é escravidão, é renuncia.


mas que triste a vida

que não ata as mãos em cumplicidade,

e ama apenas em devaneios,

na efemeridade.

isso não é amor e se for e ignoro, 

o mundo está perdido.

e como não sei não amar depois

que amei,

estou perdida com o mundo.


não obedeci o alguém

e não me recordo sequer quem disse.

será delírio?

estive febril faz uns dias,

é que adoeci.

meu corpo estava abstinente e entristecido.


depois que me mudei

percebi que o que eu amo

ficou muito distante de mim,

é como ser expulsa do próprio jardim.

por quem?

por quê?

pequei?

o amor em si, já não é pecado?

isso meio que explica o mundo...

do bem e do mal coabitarem.

talvez por isso tenha sido expulsa, 

já que a maldade violenta o amor, quando um deles é desmedido, porém eles não se misturam. é necessário justa medida, e assim se obtém a Paz, que criei para estabelecer o equilíbrio lá, em meu jardim perdido.


não, lá não é o paraíso,

paraíso é para onde fogem os bons...

eu estou falando de anjos caídos.

aqueles que mordem teus lábios acariciando tua língua. 

alguém provou a maçã, descobriu o cianeto de suas sementes e foi expulso,

agora não sabe para onde ir. 


rosa ataíde

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