estava firme sobre meu salto 10, consciente, mas estava alí por um motivo e iria até no fim.
ainda tinha forças para segurar minha bolsa, os joelhos fechados e até mantinha uma distância segura daquele outro corpo ali gesticulando, falando e, me querendo e que eu queria. pelo jeito que ele me beijou no portão, na escada, na varanda, percebi que ele sabia o que fazia, um amante nato. no quarto ele se conteve. espertinho ele! no quarto qualquer atitude estranha acabaria com um atentado ao pudor, um abuso, uma brochada. ele era bruto e se fazia de doce, um mafioso do amor.
eu tremia e pensava no quanto queria estar alí, mas tinha medo.
não que fosse pessoa de recato, mas é cada notícia que se ouve sobre encontros marcados pela internet, e aquele ambiente escuro, estranho, dava um certo pavor. o homem bruto, cabelos por cortar, pés descalço... sorria! parecia feliz e parecia quente, eu sentia toda aquela ebulição de gente manifesta naquele espaço pessoa. homem eu diria... homem! eu sentia toda aquela ebulição de gente manifesta naquele espaço homem! não lembro o assunto, nem adianta perguntar, nem ele lembra, só lembro que o media os braços, as pernas, o ombro, os lábios canudos, vermelhos e o sorriso... meu Deus, que sorriso!
como um capoeirista ele chegou pertinho, eu pude sentir mais o calor do corpo dele e ele me beijou! tirou minha bolsa, que eu usava como uma barreira de contenção, achando que ele não estava percebendo, enfim bolsa jogada ao léu, uma frase de "fica à vontade" e ele me beijou! me disse algo, me beijou, não foi um beijo suave, não! ele me beijou como se minha boca não me pertencesse e sim à ele. puxou meu cabelo, e eu gosto disso, e então aquela boca quente que tomava a minha, aquela ebulição de homem, mordeu minha nuca... amoleci! fazer o quê? morri... minha nuca, eu era dele! estava mole como um gata relaxada, mas a respiração acelerava, uma desorientação tomou conta do meu sistema nervoso e meu corpo me desobedecia e só obedecia aos comandos daquele selvagem e ele sabia o que fazer comigo. parecia hipnose, dança na qual se entrega e deixa a música comandar. ele tão teso, o corpo todo rijo e eu com excessões às zonas erógenas, mole. boba, parecia uma virgem espantada, submissa... o que fazer? eu sabia o que fazer e fazia.
eu nem sei quantas vezes aquilo se repetiu, mas lembro do céu começando a clarear.
o querer trouxe mais noites como aquela, foram muitas eu lembro. não era um sexo com script entende? era amor, e era sempre diferente e a paixão reforçou aquelas trocas. e as trocas se repetiam, e a paixão crescia, e crescia. e a gente se amava tanto! e brigava também e brigar dava mais motivos para fazer as pazes, o que nos dava mais tesão, e fizemos disso um jogo, até que deixou de ser jogo e ainda assim a gente se amava, e brigava e se amava.
em algum momento as coisas começaram a mudar. eu já sabia que assim seria. acho que foi em julho do ano passado quando terminamos por qualquer coisa e voltamos um mês depois. eu fiquei destruída, nunca perguntei como foi para ele, pois ele veio arrotando o quanto vive bem sozinho, mas penso que quem muito quer se fazer de auto suficiente é um baita carente. desde aquela noite já se passaram mais de 3 anos. hoje parecemos casados, e vocês sabem... casados são pessoas que se amam ao ponto de se tornarem castas umas as outras... um sacrilégio! pois é exatamente aí que acaba. mesmo que perdure por tempo indeterminável.
poetinha, poetinha... "...Posto que é chama."
rosa a.
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