primeiramente
é que como se a paixão invadisse meu peito...
e sou tomada,
possuída
e algum demônio
me sequestrasse do corpo
ainda que possa senti-lo
pulsar
com o coração acelerado,
descompensado
e me tornasse em demasia essência,
consciência,
percepção de tudo que espreita o meu redor
me exaspera
a palavra primeira
que não quer sair
e fico inquieta,
arredia
e o coração palpita mais forte
a respiração não flui
e às vezes uma nevoa me toma a retina
e nada mais eu faço
fico paralisada
- a coisa que me tira o tino
quando enfim ela vem galopante
entre meus dedos é como se o céu desabasse e todas as outras fossem
se encaixando, se substituindo
deslizando como uma música
e quase escuto as notas vibrando
quando em minha boca eu às balbucio
cochichando com elas,
uma conversa que baforeja na ponta de minha orelha, a lambendo até penetrar ouvido a dentro e pairasse no não sou, no não estado, no não corpo
violação
alheia ao mundo externo, ai de quem se aproxima ou me interrompe esse diálogo insano
eu quero isso do gozo ao parto
- se afaste, saia de perto me deixa aqui quieta
estou elucubrando não entende?
não... ninguém entende ou percebe que estou ausente
acham que quero seduzir
felinos em desespero por uma noite caliente
eu quero é mais, quero ouvir o uivo do lobo sedento e sentir como isso flui em mim, que sabor terei, que toque sentirei ao tocar o exasperado de seus pelos
quem? me diga quem está seduzindo quem, se em verdade eu é que estou abduzida
pelo humano, pelo mundano
ou mesmo o universo que se faz presente em mim.
as ruas ganham um ar de travessia para o futuro, ou se em presente, aquela luz que fica piscando em curto, vira prosa, é posta na mesa e o debate fica intenso, sobre a desordem que a lâmpada me provocou... sinal fraco, interrupções
as formas das coisas, os detalhes das pessoas, como aquele sorriso que não me sai do pensamento ou ainda aquela iris em que queria mergulhar, viram estrelas entre meus dedos e até posso tocar a face a quem pertence minha concentração
sabe quando o amor chega, paixão avassaladora? mas é sobre conjugações verbais que não sei conjugar, terminações nervosas que não sei controlar, a pele rígida, eriçada, meio com medo, meio entregue mesmo que não saiba confiar
raramente escrevo sob efeito de psicotrópicos ou psicodélicos.
esse amor é loucura mesmo, é o diabo me condenando ao desespero da insensa/tez
ou um anjo me amparando no surto
de quando me derramo em
palavras para que não me torne
caso de internação
não, isso não! a ala psiquiátrica é muito branca, sem estímulos do mundo enlouquecido
eu não sou ninguém, deixe isso para quando não mais concatenar
que Deus me proteja...
e que o diabo não me abandone
rosa ataíde
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