nosso estranho amor




ele é estranho,
mas como o amo,
e já o amara antes,
eu perdoo a estranheza dele.

entenda...

digo que já o amara
pelo renovo do amor
de quando o amor é fresquinho
e se refaz em algumas ocasiões,
e renasce novo, porém resistente.

também me digo estranha,
não me recomendaria...
e ele perdoa minha estranheza
sucessivas vezes....

por amor?

por cansaço de me ver voltar
e começar tudo de novo?
estaria ele cansado?
ele o sabe.
ele o sabe, e sabe do vazio,
e sabe da saudade que sente,
sabe dos passos subindo a colina.

não sei se já te falei isso que quero dizer aqui,
o amor às vezes morre,
e volta porque é amor, ele volta.

não como um fantasma que assola,
não como um zumbi sem alma,
sim, como um reencarnar de histórias não resolvidas
que se impregnam no quarto,
na pele, ou quando nos damos as mãos,
ou entrelaçamos os pés.

a nossa estranheza se revela na ansiedade
de capturar mundos diferentes, indizíveis.
porém vos digo em parte:
tem uma mulher estranhamente partida,
um homem estranhamente partido,
em suas divisões, se perdem
no absurdo que é se perder no outro,
de quando as partículas de seus corpos se misturam, ou por tristeza.

nada de se completar, isso é cretino demais para o amor.

fel e carne é o que somos.
ambos contaminados pelo excesso de nós,
pelo cansaço dos sons antigos,
pelo ruído da mandíbula que mastiga;
o ciúme na tela plasmada;
as mensagens perdidas;
é aí que o amor que reclama a perdição,
perdoa, e retorna,

e se faz ansiosamente amor.
e por sua beleza, por sua estranheza,
nos acompanha, belo.

se estamos cansados, ou abastados dele...
o amor o sabe, e insiste.

....eu acho que é isso, o amor é estranho como nós.
por isso nós o perdoamos.

rosangela a.

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