Meio que forçosamente eu assisti Newness no Netflix. Digo forçosamente pois o filme aborda coisas que para minha pessoa, são indigestas.

Eu acredito no amor, mesmo quando ele vem de forma bruta, não confundir com toxidade. Digo bruto em estado, algo que precisa ser lapidado, eu entendo que embora a paixão seja impactante, o que vem depois dela é o que realmente importa e para tanto é necessário tempo.

Acontece que vejo que as redes sociais, mais que banalizar o amor, tem o tornado impossível, algo fadado a morrer.

Estamos nos tornando imaturos para o amor. Aquele amor real que perdura no pesar dos desafios do convívio. Pois se para conviver é necessário se concentrar em algo que tenha prioridade em nossas vidas, como se concentrar tendo nas pontas dos dedos um cardápio vigoroso de almas inquietas buscando realizações egoístas?

De alguma forma tentando enumerar... Prazeres carnais, fuga de sentimentos, falta de tempo, associações de relacionamentos à supostos traumas, etc...

Mas eu ainda acredito no amor e que mesmo depois de vasculharmos nossos açougues virtuais, ao nos encontrarmos pendurados nas vitrines feitos peças de chã de dentro (e isso talvez assuste), poderemos de alguma forma olhar para nossas ações diante das relações nas quais nos envolvemos.

Quando se olha para a vida como espectador, o futuro parece medonho diante das cobranças da vida e das superficialidades das relações amorosas. Mas veja bem... Toda essa indústria do amor só funciona por determinado tempo! Uma hora a carência chega, isso se essa busca toda já não representa tal carência.

O corpo envelhece e a tendência é que ele apodreça e você pode suportar isto sozinho, sem dúvida alguma. Mas quem suporta o fracasso de relações consecutivas, quem suporta a incapacidade de pertencimento?

Talvez você pense agora nos seus filhos, pais, avós. São amores reais, mas se analisarmos sabemos que estes amores não nos preenche de verdade como a convivência a dois, como a cumplicidade o companheirismo.

Exceções sempre vão existir. Mas a maioria de nós estamos em busca mesmo, é de quem nos acolha com verdade, carinho e respeito. Sem esse papo de se sentir completo, somos indivíduos e há uma complexidade enorme nisso. Mas mesmo completos precisamos de uma alma que nos entenda o olhar e até mesmo nossa cegueira diante da vida.

O amor é uma água turva nas qual ao menos uma vez na vida deveríamos mergulhar, é como aquele banho purificador na lama. Mas é só para pessoas grandiosas.

Ontem eu e meu parceiro completamos dois anos de relação. Nos conhecemos aqui pelo Facebook. Não sei o quanto dura, mas é bom olhar para o lado e ver que tem uma alma ali me acolhendo e a qual eu acolho também.

rosangela a. 


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