Poeta Eremita
é como dar murros contra a parede
é como agitar um mastro sem vento
gritar num descampado
sem eco
não sei silenciar
o que sinto
nunca deixo nada inédito
isto
torna qualquer coisa que digo
sem nexo
barato
desgastado
nasci para o bate papo
as longas conversas
as gargalhadas
para falar do sol
do dia
do vento
lembro os velhos de minha infância
sentados num banco de madeira nos portões
falando de músicas
meninas
cachimbos
crochês
enquanto cuspiram no chão
hoje
nos restam os likes,
os feeds rolando sem nada dizer
emoticons para dizer, estou aqui
olhadas às escondidas nos storys
e muito
muito silêncio
a vida anda triste
em minhas mãos o feed corre
entre likes e emoticons felizes
parece que me guardei numa caverna de solidão
só me falta falar com as paredes
temo delas responderem
rosangela a.
Comentários
Postar um comentário