Pipa
controlar o voo,
o pouso, a chegada
e partir novamente pelo céu acima do campo.
o destino traçado nos olhos
como fosse febre,
o nariz escorrendo até a boca
e os pés fincados na lama barrenta
que a chuva fina alimenta.
segura sua linha tênue de vida,
galgando pelos sonhos
traços e cortes
cacos de vidro triturados pelo piso,
gibis picados, rabiola comprida.
o grito de mãe,
o eco no espaço/tempo,
o vazio
e a partida.
cortou o pé em farpas de bambú
o menino
anda sangrando pelo caminho
atento ao azul e a direção do vento.
há um ponto de chegada.
é quando a linha se parte
e ele precisa alcançar a pipa voada
em outros mundos,
além das ruas e avenidas, atrás dos muros.
aproveite as frestas
que o medo dá
nos buracos das fechaduras,
e observa bem a nudez silenciadora
da vida,
nos dias de céu cinza.
rosangela a.
Fotografia: Edoardo Gobattoni
nos dias de céu cinza.
rosangela a.
Fotografia: Edoardo Gobattoni
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