hominum




Não se pode invadir uma casa com as portas trancadas, esmurrar a porta não vai fazer que algo aconteça. Se tuas mãos estão vazias e você só paira no campo dos pensamentos dispersos tentando encontrar uma forma de antecipar o final da batalha... Lamento! Você vai perder a nave, o tempo, a chance. 

Existem barreiras intransponíveis 
de gente que cansou de se ferir na guerra e só permite o que for tangível, palpável.

Enquanto se brinca de perfeição, existem os exaustos. Aqueles que já se sabem imperfeitos e que não aceitam nada que seja disfarce. 

Existe uma coisa que chamamos de sinceridade. Ela as vezes fere a carne, dilacera corações, mas que é melhor servida em cálice de cristal da mais pura verdade. É sensível ao toque, aos lábios e pode não perdoar o líquido inflamável. Ainda assim, se bem servida, traz uma lógica de caráter e a sensação de alma lavada.

Uma boa intenção vale muito, exista ou não um propósito. Afinal não sabemos para que viemos, porém a jornada pode ser suave em seus percalços se estabelecermos estar dispostos ao invés de dispersos. E como tem gente dispersa que não se vê nem de soslaio!

E quando falo em dispersão, estou falando de passar pela vida alheio a filosofia de viver, em não estar atento a necessidade do outro e nossas próprias necessidades. E isso não tem nada a ver com cuidar da vida alheia, mas sim das necessidades dos que nos são estimados. 

Viver é temperar os dias!
E haja saliva para saborear o sal nosso de cada dia, o desdém ao lado, o dissabor de quem viveu e não se sabe vivo, a insanidade de quem acha que o mundo é seu umbigo.

E se me mostro tão crua para se saborear, é que me cabe muita angústia, as minhas e as que percebo ao redor, mas é a forma que tenho de me dizer "demasiado humano", que estou aqui de verdade. Embora sem saber nada de meus propósitos. Embora seja uma baita angustiada.

Às vezes os dias são azedos, mas existe sempre um dia morno, adocicado, dias de zelo e apreço. Convém não desistir das coisas que acreditamos.

rosangela a.

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