A moça
Vê a vida como um barco. Tem um leme que ela soltou. Ela atravessou inúmeras tempestades, e exausta quer se entregar ao ócio.

É como quem diz a um Ser Supremo... "Deus, pega um remo, ou segura o leme, eu não estou dando conta. Se nada podes fazer me arruma um bote, uma boia."


Aí o Ser Supremo pega a moça e faz como fez com Jonas e a joga na barriga de uma baleia. Inteira, e sabe se lá como... Ela consegue respirar, mesmo que esteja ofegante com o coração em descompasso. Sabe crise de pânico que nunca acaba?

A moça já passou pelo casulo, pelo deserto, já foi fênix, agora a moça se sente Jonas.

O Ser Supremo nada responde, está em silêncio. Ela não tem Nínive para salvar ou ao menos não a enxerga, e como Jonas, renega qualquer propósito... Mas ao contrário do mesmo, ela não sabe o que o Ser Supremo quer dela, ou ao menos se Ele existe, ou se é apenas uma ideia fixa na cabeça. Ela dúvida de tudo que lhe é servido a lá carte. Isso ocorre por a moça está cercada de mentiras. Meio que Alice! Não a dos país das maravilhas, a da gaiola mesmo... As duas estão presas, mas uma é mais iludida que a outra.


A moça regurgita estrelas em pratos descartáveis.Talvez a baleia a vomite, talvez a baleia a digira. O barco está à deriva.
É noite e a moça não cerra os olhos. deus dorme tranquilo a seu lado.

Não sei dizer o que a moça mais teme... dormir de exaustão na tempestade, ou acordar em meio ao nada.

A moça não está acostumada a vazios... A moça é intensa!


rosangela a.

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