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conto do amor fudido



eles saíram para almoçar por volta das 15 horas, e a tarde já era fresca naquele outono tão cheio de maresia.
não conversaram no caminho, não se tocaram, não se olharam, mas ensaiaram uma discussão sobre o trânsito que eles insistiram em silenciar antes que eclodisse numa pendenga séria.

naquele ponto da relação, nada os agradava, mas havia sempre uma tentativa, mas um dia daquele silencioso suicídio mútuo.

já se passara, dez anos de sucessivas mortes em vida... há seis a amargura havia se instalado no peito dela que lutava para que esta não se petrificasse não deixando chances de sobrevida. há três anos ele havia entristecido. 

no restaurante havia costelas e ele um tanto fora de peso, tentando novamente uma dieta proteica buscou saciar seu desejo se fartando destas.

logo ele comentou:

 amor lembra quando você fez aquelas costelas carnudas?

ela afirmou com a cabeça que sim. comentando:

— nós ainda morávamos na casa antiga.

  qualquer dia faz costelas, você nunca mais fez costelas... eu amo costelas!

sem exitar ela pensou em silêncio:

 eu adoro sexo! você nunca mais fez sexo comigo... agora eu já dei um jeito nisso.

rosangela a.


Fotografia: Ruben Ireland

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