DO MEDO COLETIVO - um dos motivos de meu #elenão



DO MEDO COLETIVO - um dos motivos de meu #elenão

Não vivemos na ponta do iceberg mas sim submersos em nossos paradigmas.

Tudo o que julgamos saber sobre nós como indivíduos, tudo o que cremos, aceitamos, toda nossa consciência, representa apenas 5% de nossa mente. Todo o "mais" fica submerso no nosso inconsciente, ou seja, 95% de nossos registros de vida, de tudo que anexamos ao nosso cotidiano, nossa educação, tabus, moralidades, etc... encontra-se fora de nosso alcance consciente. Recalque, recalcamos por sobrevivência.

Há 14 anos atrás, desenvolvi uma doença provocada por estresse pós traumático, a Síndrome de Pânico. Lembro que na época ocorria um BOOM dessa doença, que muitos associam a depressão. A Síndrome de Pânico é na verdade uma doença mais antiga que se pensa. Antes deste BOOM que ocorreu a cerca de 25 anos, antes de receber o rótulo de Síndrome de Pânico a doença era conhecida como histeria. Tal rótulo ao meu ver apenas serviu para que a doença se cronificasse ainda mais, fazendo-a parecer quase uma doença incurável. Não compreendendo a ligação entre a doença e a depressão, pois ela apareceu em minha vida no auge de minha liberdade, momento em que eu estava plena e muito feliz, produtiva ao maximo... resolvi estudar, buscando conhecer o meu inimigo, o MEDO. Nessa busca entendi (ao contrário do que muitos especialistas podem dizer), que minha depressão na verdade surgiu com o tratamento medicamentoso, com os quais nunca me adaptei. Percebi que os médicos que me tratavam pouco conheciam da doença e das medicações que me prescreviam... havia necessidade de me dopar para a vida? Seria mais fácil uma dosagem adequada de LSD uma vez ao mês? Certamente. 

De cara compreendi que o Medo é uma forma de defesa que herdamos de nossos ancestrais das cavernas... Temos medo quando vemos nossas vidas em risco, quando de alguma forma perdemos o controle das situações e descobri que pessoas controladoras, são mais suscetíveis a desenvolver a Síndrome. Não foi fácil aceitar o quão controladora eu era e ainda sou. 

A cura de minha doença foi lenta, passei por situações degradantes a qualquer ser humano, mas ela veio com a pratica do Yoga (meditações, estudos, asanas, respirações), "Respira, Não Pira" não é um meme, é uma promessa de vida! A mais pura verdade. Respirar me trouxe de volta à vida. 

O motivo de eu estar aqui falando de minhas mazelas, é apenas uma porta de entrada para que eu fale de você para você, fora de meu lugar de eu no mundo, sou você, sou igual. 

Talvez tenhamos muito mais em comum do que podemos supor. Existem conceitos, estudos, muito sérios e profundos a respeito da mente humana. E eles visam entender os motivos pelos quais nosso comportamento, nossas decisões, atitudes, raramente são tomadas de forma consciente, existem gatilhos em nosso cotidiano, nos meios de comunicações como nas propagandas, nas novelas, nos livros sagrados ou até mesmo nos romances, etc... que ativam determinadas reações em nossos comportamentos, tanto de forma individual, como de forma coletiva. Como quando falamos da Síndrome de Pânico, que teve um aumento significativo num período de eclosão da violência urbana, aumento este de forma coletiva ao ser ativado o gatilho violência, no amplo sentido da palavra sendo:  mortes violentas por assaltos, sequestros, balas perdidas, assim como também o crescimento de nosso poder aquisitivo que fez aumentar nossa frota de carros e construções que ampliou tragédias como acidentes automobilísticos, desmoronamentos, enchentes, etc... Tomamos nossas decisões com base no que arquivamos nos 95% inconsciente de nossas percepções.

Parece complicado, mas não o é de fato. Para que nosso cérebro mantenha sua plasticidade e possa agir de forma eficaz muitas vezes ele se utiliza de símbolos, mitos, arquétipos, que geralmente ficam embutidos em mensagens subliminares. Podemos citar como exemplos de símbolos, as placas de banheiro, as placas de trânsito, símbolos matemáticos, a representação do átomo como simbolo de radiação, entre outros... Utilizamos dos arquétipos de poder como o dos animais, ilustrações, palavras, fotografias etc... Citando: a borboleta que nos remete a liberdade e transformação, assim como o pássaro; a águia ao poder; a cobra a traição; o leão a realeza, poderia citar todos os animais, além deles o poder da palavra que pode determinar esta ou aquela reação. Mas este é um trabalho bem complexo que foge ao nosso tema principal. 

Para simplificar, olhemos a figura do Salva-vidas em alto mar com o banhista se afogando, extremamente agitado, que sem alternativa utiliza-se de um método para que a pessoa vítima de afogamento fique inconsciente, para salvar não só a vida da vítima como a sua própria, pois em desespero diante da morte iminente este tenta a qualquer custo emergir das águas para se salvar, se utilizando do corpo do salva-vidas como se este fosse sua boia de salvação, e sem notar que ao afogá-lo, estará de fato entregue as correntezas que o matarão. 

Ao nos vermos frente à morte, automaticamente nossa mente ativa o gatilho de sobrevivência, tal gatilho herdamos de nossos ancestrais, lá naquele período em que caçávamos para sobreviver e que morávamos em cavernas, este gatilho é o MEDO! Que na verdade auxilia o homem, no reconhecimento de perigo. Este MEDO que nos salva, faz com que vejamos o salva-vidas, apenas como objeto de "salvar vidas", ou seja ele se torna nossa boia.

Cito o salva-vidas como exemplo, pois nossa sociedade hoje vive como se estivesse em afogamento, tentando emergir em desespero do meio da violência que mata, que denigre, que nos torna também objetos. Não somos mais pessoas, mas sim, carteiras, celulares,  infinitas possibilidades de se arranjar um dinheiro, vivemos num grande assalto a mão armada e incluo nesse assalto,  a politica nacional a qual nos sujeitamos. Diante de todo o caos em que vivemos nos dias atuais, sentimos MEDO e adoecemos perante este, (volto a frisar) MEDO COLETIVO! Vivemos dias de desespero e como acontece com o afogado antes citado, paramos de pensar ou apenas pensamos em meios de nos salvar, de nos defender de toda barbárie. Enquanto nossa mente responte ao arquétipos de defesa. 

Visto de tal forma, entendemos  a necessidade que há no homem contemporâneo de ter leis que facilitem o armamento. Mesmo nos encontrando em desespero, sem raciocinar logicamente com os 5% do nosso consciente. 

É como se fossemos hipnotizados, na verdade esta é a grande função dos arquétipos. Despertar o gatilho para determinada atitude, reação.

As novelas por exemplo, se utilizam dos arquétipos para mover massas, mudar comportamentos, impor opiniões e padrões sociais, assim como também se utiliza deles a mídia manipuladora dos telejornais, através de mensagens subliminares que ficam guardadas em nossas mentes como que num arquivo, e basta uma palavra ou imagem que remeta a tal mensagem para ficarmos hipnotizados sem logicamente percebemos tal feito. 

O ponto onde quero chegar é nas campanhas politicas dos dias atuais. Lembro que no movimento contra o governo Dilma Rousseff, onde os poderes midiáticos se utilizaram da imagem de nosso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confeccionada em um enorme boneco inflável com vestes de ladrão, este ponto crucialmente histórico, imediatamente transformou um homem de extremo poder ao qual a grande maioria de nosso povo admirava, em um grande ladrão inescrupuloso, um bandido. Mesmo não havendo provas cabais que de fato este homem fosse ladrão, e mesmo sem provas coerentes, mesmo com provas forçadas, aliadas a uma justiça mais que cega , uma justiça manipuladora e manipulada, compromissada com políticos comprovadamente corruptos, uma justiça paga! Que com provas e suspeitas medíocres, levasse de fato nosso ex-presidente ao cárcere. 

Lembrando o fato de estarmos em risco iminente com o argumento "violência urbana" e com suas tragédias cotidianas, lembrando que somos o banhista que se afoga em alto mar, de forma coletiva, estamos num salve-se quem puder. Onde olhamos afetuosamente e dançamos de corpo colado com a possibilidade de um retrocesso em nosso desenvolvimento e evolução social... vendo na possibilidade de um comando militar a grande saída, o salvamento, o nosso bote salva vidas, como um homem perdido numa ilha, vendo no navio pirata, uma forma de voltar para casa. Dançamos um belo tango com o fascismo!

Prestemos atenção para não entregarmos o poder de nosso País, nas mãos destes que são na verdade os grandes facilitadores do crescente aumento da violência em nosso querido Brasil. Estes que fornecem armas, transportam drogas, estes que achacam os traficantes das comunidades pedindo dinheiro para liberar o tráfico sem confronto e quando eles não o tem, os liberam a ir  às ruas para cometerem assaltos e lhes pagar o arrego.

Armamento da população não é a saída para a violência alguma. Isso além de pura ilusão é uma manipulação utópica da qual se utiliza os poderes militares deste País. 

Rosangela Ataíde

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