Vestido
há um tecido espesso
que cobre minha carne.
uma epiderme fria
- chamada de pecado -
e não adianta
a pretensão à liberdade
pois o tecido me ata.
debaixo do tecido...
este que me lacra,
sou úmida e sangro
sem o real intento
da coragem.
daí então, o que fazer?
a resposta vem
quanto incendeio,
e o que seria gozo
se transforma em desaponto.
há um tecido em mim
de dedos aliançados
que eu protesto e logo
pondero,
mesmo sem querer
mas que na verdade
é impotente e não me basta
rosangela a.
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