Pombais



Abrigados nos beirais das cidades
eis que vejo os pombos.
Vez ou outra 
fazem festa nas rações
dos domesticados
cães e gatos.

Com a proximidade 
alçam um vôo longo, mas rasante...
Misturam-se na multidão
que os espremem destemidos.

Creio que partem 
por seus sonhos de liberdade
à um mundo distante, mensageiros
de paz e esquecimento.
Mas logo percebo o engano.
Eles voltam a seus lares por fidelidade e  orientado pelo campo magnético de Gaia.

E já nem sei 
a quem de veras 
pertencem os beirais, as casas, os parabrisas dos carros e até a camisa branca do Boy da contabilidade..
Só sei que estão sempre lá 
nos pombais.
Os mais antigos moradores 
da grande cidade.



Rosangela Ataíde




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