estava escrito assim


estava escrito em 

páginas virgens

repletas de vazios

mudos.

nus...

prantos secos

verdades expostas feridas

promessas descartáveis

mentiras

alguns enganos possíveis

divagações de sonhadores aflitos


estava escrito

em peles tatuadas de segredos

mitos ocultos

almas inquietas

algumas até subversivas


estava escrito

sempre em letras miúdas

para não ser visto

passar desapercebido

ao oco espaço

no peito do poeta jogado ao limbo

quase um medo escondido


estava escrito assim

sem nada a ser dito

poesia e pedra bruta

que se lapida por cismos

ventos cortantes, temporais e dias frios

é flor que o vento despetala

desfolha

desbrava


a palavra era 

p o e m a

e se dizia

vertigem

vórtice

foligem 

aorta rompida

o sangue esguichando

o corpo rijo

palavra decaída, descabida

a pupila fixa


uma fotografia sem flash

um ISO impondo ruídos brancos

uma tela óleo 

umidecida

um pincel banhado em linhaça

um perfume

um GRITO!


eis o resumo breve e tolo

do que um poeta vê 

nas simples coisas da vida


rosangela a.






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