larva da palavra
a língua, larva da palavra
esconde o monstro alegórico entrelaçado na garganta.
escancara a boca de quem não se permite dizer nada além de palavras tristes, cansadas, pois tudo é cansativo a quem desiste. e eu lamento!
eu ficaria triste.
triste não... perplexa, se não houvesse o que dizer na hora do jantar em que eu sou servida viva, dentes a mostra, carne crua, cheiro que inebria.
e necessário dizer tudo o que foi omitido,
bobagens que provoquem risos, é necessário falar do dia, da canção preferida.
não diria nada aos tolos, de certo me calaria diante do medo que arrisco trazer na bagagem, mas do meu silêncio nasce algumas rimas sem lira, às vezes cheias de ira, às vezes cheias de alegrias.
minha língua anda inquieta e talvez por isso ando aflita. meus nervos a flor da pele estão me deixando exausta apesar de ficar calma e limpa diante do amor sonoro que vivencio.
eu trago a paz, e alguma lucidez ainda me resta, pois muito enlouqueço nos dias de ira.
eu trago a paz entre os dentes quando verbalizo, mas aqui dentro tem uma guerra mundial que me bombardeia.
é um conflito após o outro e estou tentando dar conta de tudo que me tira do eixo imaginário que idealizo.
não, eu não cansei nem penso em desistir. apenas parei no tempo e como fosse menina ainda me pergunto o que significa a vida e como vou dar conta de tudo isto.
tudo o que expurgo me salva
...cada linha.
rosangela a.
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