transbordo




dentro, tudo que não se repete 
se expele...
renovação celular,
ovular,
uma réstia de memória da infância
entre gibis e lápis de cor
maquetes estruturadas com cacos de piso
tijolos quebrados, areia lavada
nenhuma de bonecas ou coisas de menina.

a estria da ruga
que uma rusga 
causou na pele,
se aprofunda
e tanto faz o cinza 
dos dias, ou dos cabelos
se multiplicando,
ou ainda a clavícula pontuda 
que mostra a esquelética forma humana.

no corpo se multiplicam as dores
afetos e desafetos...
convivências, abandonos, domínios,
territórios.

o piso frio,
as meias encardidas.
o espaço onde nutro
onde rabisco e onde fumo,
o trajeto até a cama onde sou possuída
por anjos e demônios.
pesadelos e delírios

às vezes renovo
às vezes uma corda no pescoço

mas dentro ainda habita aquela menina
que vez ou outra bate o pé e faz birra.


rosangela a.

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