Do Silêncio e do Encontro
Nunca sei quem ela é pela manhã.
Nem ela o sabe e para saber é necessário mais que lavar o rosto e uma xícara de café. Talvez meio Ana Cristina César, caminhando nua pela cozinha, anotando impressões do cotidiano enquanto dança escondida...
Ela é a que esquece!
Onde estão os óculos, onde deixou os ósculos, em que página Salinger entregou o menino aos murros de um michê, ou em que tarde de outono ela percebeu pela primeira vez o colorido do céu de outono.
Nunca sei quem ela é no decorrer da tarde. Alguém que cria, mas que foge de tudo que a compromete, ilustrações inacabadas, já que arte ela não consegue delimitar.
Ela é carne exposta! Já se disse Ceviche de humana, crua... dura de quebrar os dentes! Mas mentira... Ela é só amorosidade! Pode perguntar por aí.
Sei bem quem ela é a noite e isso complica tudo... Pois na noite ela é incertezas, uma voz gritando no silêncio contra o ventilador, como um despertador alertando a hora do repouso até que um murro lhe acerte e ela permaneça acordada, acomodada ao desespero.
Ela é estranha feito Clarice... "Meu Deus!"
Na madrugada um resumo da memória falha, onde ela alcança a serenidade que só o cansaço traz enquanto se perde entre livros, sonhos lúcidos, mensagens de tarot, choros e risos.
Nunca sei bem quem ela é, quando está sozinha e tenho medo quando ela se olha no espelho e me vê.
Meu Deus!
Só agora percebi que preciso ficar ao lado dela.
palavras e rabisco rosangela a.
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