Não passa!
– O chuveiro goteja insistente na madrugada, parece meu peito lapidando sentimentos, criando jóias entre aquilo que se quebrou. Como nas cavernas frias e úmidas que formam cristais.
– Relativizando?
Que tal apagar as memórias?
– Não sei como fazê-lo...
Eu estou atenta a este desafio,
a cada dia que passa estendo as mãos para o futuro e me lanço mesmo que quebrada.
Um desatino!
– Então junte os cacos...
– Parece quebra-cabeças
com milhares de peças desconjuntadas
e eu não consigo encaixar nada no lugar.
– Talvez uma nova aventura, um novo jogo?
Movimento?
– Não me sinto apta!
E para tanto, é necessário dialogar e eu estou assumidamente amargurada.
Eu queria a dignidade dos dias aquecidos, da afetividade demonstradas em atos e palavras.
– As pessoas nem sempre são sinceras ou até são, mas sentimentos mudam. Além disso, muitas vezes vemos aquilo que nos acostumamos a ver e o que é claro fica obscuro.
– Vai doer por quando tempo?
E sobre saudade... Quando passa?
...
Você não vai dizer mais nada?
– Você já sabe a resposta.
rosangela a.
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