Berty mulher!



mulher!
foi o tempo que te fez assim,
sem as rédeas da vida
que insistes em frear
como se a guiasse sob um cabresto.
um amontoado de emoções, conceitos, opiniões que sequer te pertencem em essência... tem certeza que quer batalhar?
logo a vida mulher?
esta insana, indomável prova de resistir,
abrir mão, soltar, agarrar...
logo os teus?
bem sabes mulher que nada possuis
além do seio de nutrir vidas,
do colo de ninar,
das mãos que acariciam,
dos afetos em que se desdobra
e morre por eles
quando se doa os rins, o pulmão, o útero e até o esôfago...
o coração? este nem conta, pois nunca te pertenceu embora te sabote
batendo no peito enfarte.
mulher
não percebes,
que és a soma de todos os amantes?
todos os que sentiram teu ventre,
lábio, seio, leite, o sangue na virilha...
as unhas nude pale e o cheiro de seus cabelos.
todos os importantes
que abrigou em teu corpo!?
todos os corpos onde pousou sua alma?
e é verdade mulher,
é justamente por saber
que nem sempre fora açoite
a mão que acaricia o redor de seu umbigo
que você geme, uiva,
vociferando palavras de amor e fel,
as mesmas que te sustenta as pernas
mesmo que caída ao chão,
mesmo que lançada ao mar,
mesmo que esteja contra a correnteza de um rio.
desfaça a bagagem mulher.
você precisa de descanso
e de saber, que a cada estância a liberdade de recomeçar te alivia a alma.
mulher se desnude até o tempo onde eras habitante de outro ventre
...seja leve mulher!
rosangela a.
as mulheres que me habitam

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Despossuídos de Corpos

interno e final

O CONTO DE UM ESPETÁCULO SEM GRAÇA - Roteiro