amor
hoje descobri
o amor é uma fonte de água
e nos atravessa
ele, o amor
nunca vem sozinho
vazio de espectativas
mesmo o amor incondicional
que tudo aceita
mesmo o amor condicional
com suas barreiras
ambos nos exigem
nos invadem
seria a aniquilação do amor
o não sermos dignos dele?
e como o edificamos?
através do tempo
ou da beleza que transgride?
- e não falo de simetria
falo do que nos arrebata de mais essencial no outro
através de uma permissão
- me atravessa com esse teu eu que me cativa?
fora do amor estamos secos
áridos
fincados em afazeres sem propósitos
para o nada do apenas - existo
e sobrevivo
é que o amor nos domina
nos rouba a alma
que é dado ao outro
como espia
...amor é sacrifício
quem que diante do amor
o mais puro e incoerente
não atravessaria o mundo e seus oceanos
mesmo que o interno?
é isso que fazem os antissociais
quando amam
é isso que fazem os sociáveis
também
é exatamente isso
cercamos os líquidos
os represamos
e toda gota que nos escapa
afoga
não existe amor com sede
tente beijar uma boca arenosa
oca
o beijo,
que nos penetra espera de nós
saliva
dança
algum suor
o coração bombeando
tente penetrar um sexo seco
não haverá gozo
nem ao menos seios eriçados pela irrigação das zonas erógenas
nesse caso
talvez o perverso se farte
mas ele não ama
não estamos em tempos de amores líquidos
pois este sempre foi úmido
e quente
não sei se sou digna do amor
mas neste momento
eu sou um rio
a espera desse atravessamento
serei
arrebatada
certamente
pela simplicidade de um sorriso
ou de uma mão
sobreposta à minha
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