Gestalt dos desejos




é possível imaginar matizes diversas na coreografia dos desejos e não ouse querer citar todos, pois eles envolvem pulsões variadas e,
é o ser humano singular e a ele cabe os mistérios,
a magia, a alquimia que muitas vezes desconhecemos o que se transforma,
todas são possíveis gatilhos certamente.

se és de fome, 
comum a todo mortal que a ossatura precisa equilibrar,
três cores...
o vermelho protéico, o amarelo das leguminosas, o verde dos vegetais colhidos a poucas horas nos braços nus das senhoras, as cores das toalhas de mesa das cantinas, as cores do McDonald's.

se és da máquina propulsora da caixa domesticadora,
comum a todo agregado do Capital, temos...
o cinza dos automóveis, dos contrastes dos centros urbanos, da prata na moéda circundante, que pode ser quebrado pelo rosa da sedução quando ela transparece numa avenida vestindo uma blusa com decote profundo e usa joelheiras patinando rapidamente para algum lugar a tempo de chegar na hora,
exata!

se és de laser ou de liberdade as cores se fundem, 
as matizes se alongam a todas as cores universais que o olho humano pode captar... 
o azul do mar, o verde das árvores, as variações das luzes de led, o neon nas placas dos bordéis, o vermelho de quase tudo, as cores dos outdoors, o amarelo da faixa contínua na estrada que te leva às férias em algum lugar paradisíaco e divertido, o branco do descanso nas redes, aliás o branco pode estar em tudo e é favorável a todo aquele que se sente cansado ou que abre os braços para abraçar o frio e o vento no topo de uma montanha,
o que é comum aos aventureiros.

se és de paz, voltemos ao branco e poderemos agregar o bege e voltarmos ao rosa e ao azul, só que agora em tons claros, e se bem que podemos pensar nesses tons quase transparentes, já que a transparência traz paz a todo aquele que faz uso dela, 
o que é comum a seres verdadeiros.

se és de sedução, pensemos no escarlate do pecado, nas variantes de todas as flores, todas as cores da bandeira lgbtqia+, na não cor das notas musicais inebriantes, tocadas enquanto se cobre uma boca com os lábios quentes, nas cores das bebidas onde alguém dedilha a borda de um copo com as unhas postiças pintadas de qualquer cor vibrante... 
mas o preto, o preto é o sobrenome da sedução quando esta pede controle, 
o que é comum aos sadomasoquistas, e comum também àqueles que precisam de um abraço contra uma parede em noites escuras na Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro.

agora se és de amor o que é comum a todo aquele que quer colo, afeto, presença
a coisa pega feio!
eu não sei. 
mesmo embora já tenha visto algumas nuances por aí, talvez cinza e suas variações, branco nas calcinhas de renda contrastando com lençóis pretos, para dar um toque de drama que todo amor pede - contrastes.
talvez todas as cores que se poderá ver pela vida lado a lado, o dourado dos dedos aliançados, o perolado do sétimo plano já que o amor é o Nirvana, a cor de uma chama - acesa?

eu não sei, de verdade!
alguém sabe? se alguém souber me conta?

queria saber... 
o que é comum se és daqueles que passam a vida com o coração solitário ou mesmo que tenhas experiênciado algumas histórias que acabaram por te fazer desacreditar, e nada faz sentido e por isso as cores passam desapercebidas.

ahhh... esqueça a estrofe acima.

deixe estar...

rosa ataíde

imagem: Ann - México

 

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