libidinal

 


eu falo sobre libido

sobre o corpo

que desconheço os mistérios

o meu, o teu

sobre o olhar 

que pousa sobre minha derme e conceitos 

ou sobre mundos distantes e paralelos 

que se convergem


mas falo de Sofia

correndo pelo pátio de uma escola

assustada 

por experienciar amor, quando esperava o pior que o humano costuma dar


é quase como ser inocente

incoerente 

quando minha visão embassa

e não sei o que vem pela frente


e sempre pondero

sobre as coisas serem

e não rimar, e não arquejar formas sinceras

de se encantar

a inabilidade de se ter

de me doar


é que toda vez que sou verdade

apavoro


não vês que sou poeta?


e por mais verdade que seja

quando se trata de personas

e finjo a que não sou, 

ainda assim sou,

e exponho minhas visceras

de peito aberto


não tenho medo


nado para a arrebentação 

e aguardo

um corpo que é...

existe, eu sei 

e ele me cobrirá 

por inteira

quando mergulhar nesse espaço 

que de longe

me conclui 

enquanto me contorço 

querendo ser


enquanto a vida corre...

e as horas passam sobre as paisagens 

mas estou submersa

em espectativas 


mais que de libido

eu falo de almas propícias ao encontro 

e se não for


...deixa estar


rosa a.

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