observar a margem vazia do poema e preenchê-la até que transborde. um poema cheio enfim. cheio das coisas que digo, de mim, de você. o lado vazio me atravessa como algo que omito, renego, não quero, e evito por medo de ocupar e esse medo me corrompe a necessidade de ter, e te dizer e dizer do outro que nada entende. mas sei isso é de uma coragem insana... há de se respeitar o oco, os limites que o poema impõe, a estrutura e sua grandeza, e é um atrevimento o ultrapasse aqui... como quem pega uma contramão a 120km por hora... um disparate, um atentado poético, uma transgressão e a condenação pode ser a inexistência do poema. então me alongo nestas linhas e justifico a formatação e sendo teimosa em querer ir além, agora já fui. eu entendo que o poema se perdeu... não existe haicai no horizonte, disse o Deus Matsuo, e meus tercetos não dizem mais nada, mas também não silenciam minhas inspirações, pois veja... estou respirando agora! talvez o vazio do outro lado da faixa tenha sido um mergulho e esteja descompressiva enquanto me sinto intacta com uma leve vertigem e este sangue escorrendo de meu nariz seja efeito da pressurização ao sair da pista ao céu, e ainda esteja eu necessitada de ser reexpansiva, é que na margem vazia onde nada é dito, nada se chocou contra meu corpo que eu tenha percebido, nem o amor. e sobre o amor... havia uma mão dupla, uma curva e uma bifurcação e nesse ponto,


nem o amor 

que tanto afeta

sobreviverá,


nem o amor te diz,

nem o amor me diz,


nem o amor salvará 

'esse, não poema niilista


...que nada diz


rosa







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