o mais externo em nós



o órgão mais sensível
também o mais extenso...
o que somos da pele para dentro?
corpo/conciencia,
uma única nave,
no cosmo,
que pensa que pensa.
um nati/corpo ao nascermos,
um necro/corpo
após os 35 anos de estadia.
me achava macro.
disseram-me um dia...
"não existe cura!"
após, me senti micro.
– científica.
então expandi meu corpo ao outro
e me vi parte.
– pertenço!
regenero e sou regenerante,
uma bateria, que ao tocar, recarrega
– recarregamos um ao outro!
e é só questão de pele, de tato,
encontro.
talvez seja importante evocar
que estamos um no outro
em estado – humanidade.
estou tão científica!
– estamos!
já observou
que transformamos isso que nos recarrega
em líquido,
e tememos o afogamento?
estamos pulverizando o amor em relações vazias,
cada dia alguém que nos completa
e nos entedia no dia seguinte.
em dias quentes,
favoráveis ao amor, dias propícios,
estamos disponíveis.
isso significa que no intervalo
ele é impróprio, inoportuno...
estamos doentes!
este que banalizamos é que nos dá vida,
nos condenamos a morte,
sem nos darmos conta disso.
estamos à espera, imagino,
que a pulverização provoque a condensaçao extrema,
e que assim chova em algum lugar
...que caia uma tempestade tamanha,
de misturar, água e barro,
assim o amor se materializa,
se torna palpável.
enfim poderemos confiar
na solidez dos afetos
e nos permitiremos afetar
por tudo que é lodo na Terra...
por árvores,
pelas pedras, pelas penas que caem das aves,
por pantanos, bichos, ilhas
e até por gentes,
por povoados inteiros!
imaginem se a gente se afetar por gente...
por gente que precisa da gente?
todo dia, seria dia propício.
de pele, de tato,
de confiar que pertencemos.
rosangela a.
Imagem: o menino do mar - Lucas Landau


 

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