bem fundo

 



ainda há tempo 

não sei desistir no último
suspiro

vou ao fundo
até sentir o peito comprimir 
de dor - o corpo

pego o peixe na gruta mais profunda 
subo no sufoco
tomo fôlego ao emergir
- já posso respirar... alívio!

***

tiro as lascas doces de teu couro 
que se misturam ao sal de minha língua 

saboreio até a cabeça
e da dorsal espinha
tiro com a mesma o tutano, e

danço ao redor desse fogo
que te abrasa
para que te devore, após 

as faíscas de teus olhos salpicam
na minha pele
- perto demais, e eu quero!

se eu não queimar junto
não haverá fome/desejo 

é guerra, amor
isca fresca...
selvageria com a corda no pescoço 
exposição de nervos ao som de atabaques 
mudos

confessa canto...

ainda que fera seja, sobrevivo
a cada mergulho
é que prefiro carne branca para saciar a fome 

que seja crua e nua
e que respire, viva
a que me queira devorar junto sob o lua

pois sou da paz 

e agarrada aos teus cabelos 
faço, amor 

rosa a.
poema editado

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