com a fúria de um rio bravo
no qual só me atrevi pedir licença
ao atravessá-lo
para salvar a inocência do menino
que ia com o rio
ia o menino bravo, nos braços do rio bravo
que se achava mais bravo que o rio
agarrei-lhe pelos braços
o menino e o rio
perdi as chaves nas profundas correntes
que o rio arrasta
com o a fúria do mar que me atravessa
salvei o menino de onde o miro
das forças das ondas bravas
aquele corpo era meu
saiu de minhas entranhas
tomava qualquer fúria para não perdê-lo
e ondas me amaram
e me devolveram o menino bravo
nas águas mansas da Baía
perdi o menino em chamas
olho a Guanabara com seus canhões deteriorados
apontados para as águas
penso... estou amansada pela vida?
ou furiosa com a morte?
o mar alto
e suas bandeiras vermelhas
eu na faixa branca da areia
entre as brancas espumas insolentes
das ondas bravas
com a fúria do mar
que não mais tenho
nem a do menino
preso nos meus braços de amor
não me salvo
me agarro nas rochas imóveis, duras, rijas
que derretem diminutas
será que elas se salvam
firmes?
ou será que mergulham cada dia um pouco mais
na fúria do mar bravo?
rosangela a
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