não escondo nada
estou aberta, não aos tolos... tá um pouco.
digo aberta a vida, a caligrafia cálida, se te aquece.
nem a ponta do mamilo propositalmente à mostra, estou pornográfica. mas nem sempre.
sequer o poema mais ordinário, escondo. tenho o propósito de não ser perfeita.
devia estar escrevendo sobre as águas
arrastando o Sul, esse lamento, e eu de fato lamento. talvez responsabilizasse o Agro, a política, a politicagem, a mídia e sua exploração.
mais teimo na tragédia Yanomami, que não me sai da mente e penso... eles não tiveram tamanha voz e fico sempre ao lado dos sem fala e dos que sentem fome. guardadas as proporções, de certo estou errada.
como não escondo nada, digo...
— estou carente de um ouvido que recolha meus silêncios e gritos,
de um olhar que me desvende,
ainda que seja toda minha tolice.
mais também...
que acolha os meus seios às mãos,
me aquiete a língua para que não diga sobre o que não sei e só especulo... e só os beijos me calam.
não se engane...
todas as suas damas estão caídas no tabuleiro tão carentes quanto eu
até as aliançadas, estão. e na verdade, precisamos de um abraço nessas horas, em que o cansaço bate.
estamos todos debaixo dos olhares duros
julgados, catando migalhas
ainda que gritemos... "Amor próprio!"
minha prepotência me diz que não sou uma dessas, as damas.
mas sou pior.
quero lavar teus pés com meus cabelos
e espalhar meu cheiro de jasmim em teu corpo inteiro.
enquanto você, Vida! se arma de Paz e se cerca de Amor e ódio.
... você não é um desses!
Rosa
isso é sobre barreiras, as que se rompem, as que se fecham
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