Maresia




olhos de labirintos

profundos no horizonte 

caixa torácica de palpitações 

que diz do corpo rio e afluentes 


não digo verdades

mas não minto 


tenho dedos a tatear na sombra o vício 


a oculta página desfigurada

numa tarde em blur 


de agora em diante

ou de trás para frente

pós cegueira


tudo parece aquarela, misturada em luz


mas o gosto doce que provei nascente, ou

o gozo e o sal do mar gigante 


me tocou poesia

e poesia é visão além 

às vezes alucina

impregna 

desorganiza 


às vezes rima 

mas 

sou desprovida 


às vezes revira o estômago 

pelo espanto do soco 

da repulsa dada 

...enjôo 


suor na pele do poema inútil 

ermo

combativo 


maresia que corrói 


diante à cegueira e o descaso

...tudo parece meio amor


rosa a.

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