silêncio
discursiva, me escapa o silêncio
que inútil escavo em tua boca
de labiritos tontos
e poemas avessos.
— como renegar o poema que tens dentro?
penetro, adentro sem bater à porta
— nada diz, ou nada encontro — faz tempo.
reverbera talvez para outros olhos atentos
e sorrisos à beira de teu abismo,
e facilito... é plausível o ato.
mas estou arisca e pulo de um telhado ao outro
e se a ansiedade me fizer cair,
eis o salto de fé que necessito.
— das sete vidas, não sei se me resta outra.
dos sete anos após o espelho partido
ainda retiro estilhaços de meu corpo
quando me deito manhosa
sobre a colcha de cetim,
mirando um novo reflexo.
afio as unhas entre o dentes
e retiro o excesso de pele
que sangra... ele tem o gosto
de sua poesia mentolada, ardente
como o cigarro quente que fumo
desconsolada.
— quando é que chega tua palavra
...minha_medicina
se gastou por completo?
silencio¿!
quem disse que a noite cala os aflitos,
não sabe nada da madrugada.
— e olha que eu mesma disse...
me manda uma receita azul
com letras indecifráveis
carimbada com tua essência?
quero tanto te ler em voz alta
e depois dormir, serena e tonta frente
ao teu ser que não alcanço... ou alcanço
além do que devo?
...isso é saudade?
rosangela a.
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